Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
DANFÁ, Lassana |
Orientador(a): |
ALÉSSIO, Renata Lira dos Santos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17791
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Resumo: |
O presente trabalho objetivou estudar a construção social do ebola na mídia impressa brasileira à luz da Teoria das Representações Sociais, articulando conceitos de alteridade, do risco, problema social, mídia e racismo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa feita por intermédio da análise do conteúdo clássica e do tratamento automático com ajuda do IRAMUTEQ. Foram feitos dois estudos, uma na revista Veja (5 matérias publicadas no último surto) e outro no jornal Folha de São Paulo (291 matérias publicadas desde 1976 até março de 2015). Os resultados do estudo na revista Veja, através da análise de conteúdo com foco no eixo semântico (sentidos) e sintático (forma) apontam para 4 eixos de construção de sentidos: uso da metáfora da companhia militar para demonstrar o combate do homem contra um vírus potencialmente destrutivo; a alteridade radical, colocando o outro africano como “estranho e “poluente”, neste caso, com qualidades essencialmente negativas; o distanciamento, em que o vírus ebola é colocado como problema inerentemente africano e África como lugar que oferece condições propícias para disseminação da doença; a ideia da infra-humanização, colocando as qualidades do africano e respectivas crenças ou traços culturais como sub-humanas. O estudo do jornal Folha de São Paulo foi realizado com ajuda de tratamento automático de texto pelo software IRAMUTEQ, proporcionado a Classificação Hierárquica Descendente e análise fatorial de correspondência. Os resultados mostram mundos léxicos organizados em função, de um lado, do discurso do especialista, e de outro, do discurso do não especialista. O discurso dos especialistas traduz as hipóteses científicas explicativas em torno do vírus do ebola focalizadas no macaco como principal responsável pela passagem em humanos e o caráter destrutivo do ebola. O segundo eixo, dos não especialistas, aponta para a dicotomia ocidente versus África, representada através das oposições: ordem/caos, controle/descontrole, longínquo/próximo, “civilidade”/“incivilidade”, “superior”/“inferior”. Os resultados da Análise Fatorial de Correspondência nos permitiram constatar a emergência de dois polos. No polo horizontal vimos na classe 5 o discurso de especialista se opondo aos discursos das outras classes, que agrupam os discursos de não especialistas: a transnacionalização e pânico global (classe 3); mobilização mundial versus distanciamento (classe 1); olhar exótico e ambiente caótico (classe 4); histórico, prognóstico e dados epidemiológicos (classe 2). No polo vertical vimos as classes 1 (mobilização mundial versus distanciamento) e 2 (histórico, prognóstico e dados epidemiológicos) se opondo às classes 3 (transnacionalização e pânico global) e 4 (olhar exótico e ambientes caóticos). Apesar dos dois estudos serem feitos em períodos e veículos midiáticos diferentes, as representações sobre ebola não mudaram com o tempo. Percebem-se uma atitude ambivalente da mídia na construção do risco (aproxima e afasta); alteridade radical que relega ao africano e sua cultura o caráter essencialmente negativo e infra-humanização do africano. Por meio destes dois veículos de comunicação os sentidos atribuídos sobre ebola se organizam nas seguintes oposições: pureza /impureza, sujeira/limpeza, civilidade/incivilidade, caos/ordem. Os nossos achados demonstraram que a crise do ebola reatualiza a thêmata do reconhecimento social pela sua negativa. Vimos o olhar valorativo do outro africano pelo viés negativo, ligado à sujeira, impureza, incivilidade, descontrole. |