Perfil clínico, inflamatório e prevalência de infecções secundárias em pacientes críticos com COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: MEDEIROS, Sandrelli Meridiana de Fátima Ramos dos Santos
Orientador(a): SOUTO, Fabrício Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Aplicada a Saude
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/56448
Resumo: Introdução: A pandemia da COVID-19 ocasionou um grande impacto nos serviços de saúde levando a milhões de mortes em todo o mundo. De modo geral, alguns questionamentos ainda não foram totalmente elucidados. A relação das taxas de mortalidade em pacientes graves e o desenvolvimento de infecções secundárias parecem variar de acordo com a área geográfica, sendo até hoje, não totalmente compreendida. Outro fator observado, é que alguns pacientes com a forma grave da doença apresentam alterações em diversos mediadores circulatórios e um processo hiperinflamatório que, em muitos casos, culmina em desfechos adversos. Objetivos: Avaliar o perfil clínico, inflamatório e a prevalência de microrganismos causadores de infecções secundárias em pacientes com COVID-19 grave. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo unicêntrico com 1.364 pacientes com COVID-19 grave na UTI durante o período de 2020 a 2022. Foram analisadas características clínicas e resultados das culturas microbiológicas. Posteriormente, foi realizado um estudo prospectivo para avaliar o perfil de gravidade de pacientes adultos, diagnosticados com SRAG por COVID-19 na UTI. Amostras de swabs nasofaríngeos e orofaríngeos foram coletadas para diagnóstico por meio da extração do RNA viral e RT-qPCR. Biomarcadores hematológicos e bioquímicos de rotina foram analisados e amostras de sangue total foram coletadas para dosagem dos níveis séricos de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6, IL-8, IL-10, IFN-γ e TNF-α) e quimiocinas (CCL2/MCP-1, CCL5/RANTES, CXCL8/IL-8, CXCL9/MIG, e CXCL10/IP-10). Resultados: Fungos patogênicos foram isolados em 327 culturas sendo encontradas espécies de leveduras, dessas 56,98% (186/327) foram Candida albicans, 19,6% (64/327) Candida tropicalis, 14,4% (47/327) Candida parapsilosis, 1,5% (05/327) Nakaseomyces glabratus e 0,3% (01/327) Pichia kudriavzevii. Foram isolados fungos em amostras respiratórias 40,4% (132/327), hemoculturas 21,4% (70/327) e urina 37,9% (124/327). Bactérias patogênicas foram isoladas em 1.086 culturas provenientes de diferentes sítios anatômicos. Staphylococcus spp. foram isolados e identificados em 30,8% (335/1.086) dos espécimes clínicos. 2,9% (32/1.086) isolados de enterococos foram identificados, sendo Enterococcus faecalis a espécie mais prevalente 65,6% (21/32), seguida de Enterococcus faecium 31,3% (10/32). Bacilos gram-negativos não fermentadores foi o grupo mais prevalente, sendo 50,5% (548/1.086) dos isolados. Dentre os bacilos Gram-negativos da ordem Enterobacterales 15,7% (171/1.086), Klebsiella pneumoniae foi a principal espécie isolada 43,9% (75/171), seguida por Enterobacter cloacae 25,1% (43/171) e Escherichia coli 15,8% (27/171). Posteriormente, dentre as alterações hematológicas encontradas nos 60 pacientes com SRAG por COVID-19 incluídos no estudo, a linfopenia, neutrofilia e trombocitopenia foram mais significativas nos pacientes não sobreviventes, enquanto os níveis de PCR, AST, creatinina, ferritina, AST, troponina I, ureia, magnésio e potássio também foram maiores nos pacientes não sobreviventes comparados aos sobreviventes. Os níveis séricos de IL-10, CCL2, CXCL9 e CXCL10 estavam significativamente aumentados nos pacientes não sobreviventes, enquanto CCL5 apresentou redução significativa nesse mesmo grupo. Conclusão: A presença de infecções secundárias bacterianas ou fúngicas prejudicam o prognóstico de pacientes com COVID-19 grave, e isso está associado ao aumento da morbidade e mortalidade nesses pacientes. Em paralelo, alterações nos biomarcadores hematológicos e bioquímicos e alterações nos níveis séricos de citocinas e quimiocinas são preditores de gravidade e mortalidade em pacientes com COVID-19 grave.