Ser e viver o Sertão: memória e identidade sertaneja no sul do Maranhão (1950-2017)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: ROCHA, Rosimary Gomes
Orientador(a): MACIEL, Caio Augusto Amorim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28395
Resumo: A formação histórica do Sul do Maranhão caracteriza-se pela sua apropriação por diferentes sujeitos, forjando identidades que os interligam ao meio biofísico em que se encontram. São populações indígenas, sertanejos, comunidades quilombolas e sulistas sojicultores que elaboram suas vidas através de estratégias socioespaciais, principalmente no âmbito rural. Como são grupos diversos, as suas atuações tendem a ser divergentes, embora, em alguns casos, os interesses sejam os mesmos, sendo tão somente as estratégias de (re)construção socioespacial diferenciadas. Como recorte metodológico, elegemos pensar o constructo socioespacial a partir dos sertanejos na efetivação desse local como lugar em que a existência está relacionada à corrente de criadores de gado que chegaram no século XVIII apropriando-se dos campos naturais da região. Para tanto, reportamo-nos aos fatores históricos que demonstram a primazia do Cerrado, bioma aí preponderante, que exerce/exerceu influência nas práticas dos sujeitos que, ao longo de suas trajetórias, costuram um lugar no qual a subjetividade é revelada pelas nuances contidas materialmente no espaço geográfico. Quando colocamos a natureza e o social em relevo, estamos enveredando pelo pensamento de que o sujeito reproduz o espaço continuamente, no entanto os fatores da natureza não são vistos apenas pela sua materialidade, exercem simbologias que influenciam no processo de apropriação social e que acabam forjando identidades. Dessa forma, vai se tecendo o pensar, o agir, o viver, ou seja, o lugar, o mundo. Dessa feita, tomamos, como forma de desvendamento do Sertão sul-maranhense, os conceitos de Cultura, Memória, Identidade e Lugar, como pressupostos para as re-existências, os modos de vida e as representações dos sertanejos. Temos, como objetivo geral, reconhecer o Sertão sul-maranhense a partir das relações históricas e geográficas, que dão pressuposto à constituição de uma identidade sertaneja, bem como interpretar as trajetórias e as transformações vivenciadas pelos sujeitos sertanejos, nos últimos 50 anos, com base no resgate da memória. No plano metodológico, procuramos interpretar o que está posto tendo em vista o enlace entre passado, presente e futuro, mediante a memória dos sertanejos como recurso principal. Isso porque as narrativas construídas por eles (sertanejos) nos possibilitaram apreender experiências espaciais e temporais de suas trajetórias, a forma como se organizam, seus desejos, suas práticas e, ainda, como se enxergam enquanto sujeitos possuidores de singularidades e conflitos. Pudemos, assim, identificar que, na trajetória dos mais velhos, existe uma relação de experiências que consubstanciam modos de ver e de fazer que remetem ao passado, mas não desvinculados do presente. As mudanças no Sertão são bem visíveis, vão desde a relação da materialidade traduzida na estrutura das casas, das estradas, nos meios de deslocamento, na substituição da vegetação original por pastagens para o gado, por campos de soja, estendendo-se aos rios que secam por conta da escassez de chuvas, como também perpassam pela subjetividade dos sertanejos, atravessada por conflitos consigo mesmo, acerca de seu lugar no mundo, como com o “outro”.