Caracterização de colinesterases de Mytella charruana e Litopenaeus vennamei visando seu uso como ferramenta de biomonitoramento em estuários

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SANTOS, Glauber Pereira de Carvalho
Orientador(a): BEZERRA, Ranilson de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Ciencias Biologicas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/43023
Resumo: O molusco bivalve Mytella charruana e o camarão Litopenaeus vannamei são espécies de importância comercial que podem acumular poluentes em seus tecidos devido ao seu comportamento séssil e bentônico, respectivamente, no sedimento. Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a poluição do Sistema Estuarino do Rio Capibaribe (SERC) por metais (n = 10) em sedimentos e em tecidos de L. vannamei e M. charruana, além de Bifenilas Policloradas - PCBs (n = 182), pesticidas organoclorados e outros pesticidas (n = 400) em tecidos de M. charruana. A atividade das enzimas colinesterases (ChEs) de ambas as espécies foi caracterizada e os efeitos de pesticidas (organofosforados, carbamatos, benzoilureia e análogo do hormônio juvenil - JHA) e metais pesados investigados. Essas enzimas também foram testadas como potenciais ferramentas de biomonitoramento no SERC (M. charruana) e na carcinicultura (L. vannamei). Os resultados indicaram para as áreas de pesca do molusco, maiores concentrações de metais (p <0,05) no sedimento e tecidos de M. charruana durante a estação seca. Dos 209 PCBs avaliados, 55 estavam acima do limite superior analítico de quantificação (LoQ) e predominou hexaclorobifelina. O metabólito pp'-DDE dominou a composição dos DDTs e os pesticidas clordanos e cipermetrina foram encontrados em M. charruana do SERC, porém sem riscos para segurança alimentar. A variabilidade sazonal não influenciou significativamente a acetilcolinesterase (AChE) de Mytella charruana. A caracterização de ChEs, de acordo com substratos específicos e inibidores seletivos, indicou predomínio da AChE em M. charruana, enquanto nos olhos, músculo e hepatopâncreas de L. vannamei, predominaram respectivamente AChE, AChE e butirilcolinesterase (BChE). Os valores de IC50 relacionados ao efeito in vitro dos agrotóxicos sobre a enzima, apresentaram maior poder inibitório do temefós (0,53 μmol.L-1), seguido do aldicarbe (1,05 μmol.L-1) e diflubenzuron (1,85 μmol. L-1). Os íons metálicos inibiram a AChE de M. charruana na seguinte ordem: Hg2+ > Pb2+ > Cd2+ > As3+ > Cu2+ > Zn2+. Em relação ao L. vannamei, a AChE dos olhos foi mais sensível ao carbofurano (1,4 μmol.L-1), enquanto a enzima do músculo foi fortemente inibida pelo aldicarbe (5,2 μmol.L-1) e a BChE do hepatopâncreas altamente sensível ao aldicarbe (0,9 μmol.L-1). O efeito inibitório dos íons metálicos sobre L. vannamei seguiu a ordem: As3+> Cd2+ > Pb2+ > Hg2+ > Cu2+ (olho AChE); Pb2+ > Hg2+ > Cd2+ > As3+ > Cu2+ ≈ Zn2+ (AChE muscular) e Hg2+ > Pb2+ > As3+ > Cu2+ > Zn2+ (BChE hepatopâncreas). A AChE (músculo) e BChE (hepatopâncreas) de L. vannamei foram igualmente afetadas por possível carga anticolinesterásica presente nos locais de coleta. Os resultados apontam essas enzimas como biomarcadores promissores da exposição aos agentes anticolinesterásicos avaliados, ferramentas que podem ser utilizadas no biomonitoramento em estuários frente à avaliação de efeitos de contaminantes às espécies.