Raízes, rotas e cabelos : uma análise de Esse cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/47362 |
Resumo: | Na obra Esse cabelo, da autora Djaimilia Pereira de Almeida, a narradora Mila organiza a biografia de seus cabelos crespos, revisitando memórias suas e de seus familiares. Luso-angolana, fruto de uma família interracial que agrega várias nacionalidades, Mila vive esse entre-lugar de uma identidade diaspórica, de modo que sua escrita acompanha o processo de se entender como mulher negra em meio a sociedade portuguesa. Assim, ao longo da narrativa, percebe-se uma história mais ampla, que fala de uma geopolítica entre dois continentes: Europa e África. Partindo disso, o presente trabalho busca discutir a relação da protagonista com os espaços onde viveu, nos arredores de Lisboa, — espaços estes que revelam experiências domésticas e coletivas atravessadas por questões sociais, políticas e históricas. Junto a isso, busca-se analisar também o hibridismo que permeia o romance, que caminha ente o ficcional e o ensaístico. Associando seu formato, a linguagem polissêmica e o que o livro aborda, a pesquisa procura evidenciar a construção de uma obra densa e atual. Nesta discussão, ressalta- se também o ponto de vista singular de Mila sobre a Lisboa onde lhe coube crescer, bem como a colonialidade que persiste, configurando assimetrias sociais que se refletem nos espaços e nos modos de vivê-los. Nesse sentido, a narradora resgata as rotas dos salões de beleza — memórias traumáticas —, expondo a mentalidade colonial sob diferentes vestes, acompanhada do racismo, do machismo, que ancoram um padrão de beleza e de feminilidade difundido à época. Todos esses aspectos são abordados em reflexões e digressões íntimas, que se inclinam para o ensaísmo. Algumas das referências teóricas deste estudo são: Stuart Hall (2013), Grada Kilomba (2019), Joana Henriques Gorjão (2016), Sheila Khan (2015), João Barrento (2010), Maurice Halbwachs (2016), entre outros. Com base nas discussões propostas por esses teóricos, analisa-se como a personagem se reposiciona através das memórias que lhe interpelam e como ela muda a percepção sobre si durante esse processo. Entre tempos e espaços, Mila reivindica o direito de narrar a biografia de seus cabelos e, com isso, cria um mapa a partir de suas lembranças. E, nessas rotas recriadas, reconhece-se na sua família, assim como elabora um mapa de si mesma ao acessar suas raízes, reconectando-se com uma parte de si mutilada pelo meio onde cresceu. |