Uso da terra, funcionamento ecossistêmico e degradação na Caatinga : o papel do clima e fatores socioeconômicos
Ano de defesa: | 2021 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Biologia Vegetal |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46086 |
Resumo: | Globalmente, ecossistemas terrestres são ameaçados por duas principais forças resultantes de atividades humanas: mudança do uso e cobertura do solo e mudanças climáticas. Juntos, esses fatores agem sobre diversos níveis biológicos, do tamanho da população de espécies, estrutura e composição de comunidades à biodiversidade. Consequentemente, esse cenário tem impactado o funcionamento ecossistêmico e provisão de serviços ecossistêmicos, com consequente aumento da vulnerabilidade biológica e diminuição do bem-estar humano. Isso é especialmente verdadeiro em drylands em regiões em desenvolvimento, com grandes populaçõesrurais altamente dependentes dosrecursos naturais e do regime de chuva e, portanto, vulneráveis socioeconomicamente. Em diversas dessas regiões, repetidos ciclos de uso agrícola, sem uso de tecnologias, associado à extração de recursos dos remanescentes de vegetação, tem levado a degradação ecossistêmica e mudanças para estágios alternativos (sendo o extremo a desertificação). Nesse contexto, esse trabalho visa explorar como que a dinâmica de uso e cobertura do solo e a produtividade primária são afetados tanto por variáveis ambientais como por variáveis socioeconômicas em florestas secas. Assim, com uso de ferramentas de Sistema de Informação Geográfica e tomando as florestas secas do semiárido brasileiro (Caatinga) como modelo, objetivamos entender (1) quais os principais drivers de uso e cobertura do solo e suas contribuições para produtividade primária do ecossistema e; (2) quais as tendências espaço-temporais da produtividade da Caatinga e quais as contribuições de clima e perturbação humana para a dinâmica da vegetação (i.e., perda ou aumento de produtividade) nos últimos ca. 20 anos. Os resultados sugerem que (1) o uso da terra ainda é fortemente associado às variáveis ambientais, em especial climáticas, que representam áreas de maior aptidão agrícola, enquanto variáveis socioeconômicas são menos importantes; (2) áreas de pasto compõem significativa área da Caatinga, mas a produtividade é menor nesses ambientes do que em Caatinga tipo savânica e floresta, que apresentaram menor proporção, mas maior produtividade por área; (3) de 2001 a 2019, ca. 25% a Caatinga apresentou padrão de perda de produtividade que indica degradação, mas esse efeito é potencializado pela seca iniciada em 2012 e ocorre em maior intensidade e abrangência em regiões específicas (e.g., sudeste da Caatinga); (4) a produtividade é principalmente influenciada pela disponibilidade de água (i.e., chuva acumulada de 3 meses) em grande parte do ecossistema; e (5) existe um padrão espacial que indica significativa área da dinâmica da produtividade primária da Caatinga não sendo explicada pela chuva; mas nossos proxies de perturbação antrópica se correlacionam com variação da produtividade em menos de 10% da região. Em síntese, assim como é o caso em outras drylands, fatores climáticos parecem ser drivers mais fortes da dinâmica da vegetação, sendo a aptidão agrícola um fator decisivo. No entanto, o papel de fatores socioeconômicos e atividades agrícolas é espacialmente relevante. Outros fatores não analisados, como culturais, podem ser peça importante para entendermos o futuro do uso do solo. Por fim, os cenários previstos de mudanças climáticas e aumento de pecuária intensiva na região aumentam a necessidade de aplicação de tecnologias agrícolas adaptadas ao semiárido. |