Dar à luz quando não se vê: Relatos de mulheres com deficiência visual sobre a maternidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: BELO, Léa Carla Oliveira
Orientador(a): OLIVEIRA FILHO, Pedro de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16906
Resumo: Nossa sociedade atribui sentidos ao modo de ser e agir das mulheres, e às práticas da maternidade em si. A politização essencialista desta temática ganha força especialmente por causa dos mitos que ainda permeiam esta experiência. O que está em jogo nessa questão é que a maternidade outorga um lugar, o de mãe, mas também o de mulher reprodutora, que independentemente das ordens colocadas, são construídas social e culturalmente sob diferentes formas, e que inevitavelmente passam pela linguagem. Desta feita, as atribuições e normas estabelecidas jamais poderão se aplicar a todas as mulheres, sobretudo por causa da complexidade desta temática, já que ela tanto se encontra circunscrita no plano biológico quanto no social, principalmente neste último. Destarte, reconhecendo a existência das dificuldades das mulheres, especialmente das mulheres com deficiência visual, esta investigação objetivou conhecer como a mulher com deficiência visual constrói discursivamente sua experiência da maternidade. Para tanto, fundamentou-se na perspectiva teórico-metodológica da Psicologia Social Discursiva, uma vez que trabalhar com a linguagem nesta perspectiva é trabalhar, portanto, com o discurso em si e com aquilo que ele produz, ou seja, as práticas sociais, pois ao mesmo tempo em que se constroem os discursos também se realizam construções da vida social. Assim, para ter acesso às falas dessas mulheres foi utilizada a entrevista não-dirigida, e o questionário sócio-demográfico para obter informações complementares sobre os dados pessoais e da maternidade. Foram entrevistadas sete mulheres com filhos/as em faixas etárias variadas, cuja idade mínima deles/as foi de um ano e três meses e a máxima de trinta e quatro anos. As participantes são vinculadas à Associação Pernambucana de Cegos – APEC, localizada na cidade do Recife, estado de Pernambuco, onde foi realizada a pesquisa. Os resultados apontaram cinco aspectos, que se destacaram, relacionados à experiência da maternidade: sentimentos ambivalentes; dificuldades nos cuidados com os/as filhos/as, sobretudo pelas questões socioeconômicas envolvidas e pelas posições de gênero implicadas neste arranjo social; ausência de apoio familiar e social; estigmatização de ser mãe com a ausência da visão, e finalmente; a idéia de amor materno sacrificial: uma posição de gênero e até de identidade, na qual a mulher com deficiência, com inúmeras barreiras sociais é levada a exercer os cuidados com os/as filhos/as e ainda assim não receber a legitimação social desta nova posição, limitando desta forma sua nova identidade como mãe.