Sujeitos “reformados”: um estudo dos sentidos e configurações subjetivas construídos por usuários dos Centros de Atenção Psicossocial de Recife/PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: NOGUEIRA, Raquel Cordeiro
Orientador(a): CONTI, Luciane De
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17761
Resumo: A cada dia o Brasil vem consolidando e expandindo sua rede de atenção psicossocial voltada para o cuidado de pessoas com transtornos mentais, fundamentada na ética e nos princípios da reforma psiquiátrica, que propõe o cuidado a partir da singularidade, da promoção de autonomia, humanização e equidade na assistência. Neste contexto, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são dispositivos estratégicos, responsáveis pelo acolhimento e cuidado desses usuários, e podem ser considerados unidades de subjetividade social, pois propiciam o convívio com discursos e práticas característicos da reforma e assim possibilitam a construção de modos diferenciados de subjetivação. A subjetividade, na perspectiva da Teoria da Subjetividade, se compõe das produções do indivíduo em cada momento de sua experiência nos diversos espaços sociais, configurando-se como um sistema complexo, processual, dinâmico, constituído principalmente por sentidos e configurações subjetivas. Neste horizonte, o objetivo do presente trabalho consiste em analisar as configurações subjetivas construídas por usuários de CAPS a partir de seu acompanhamento na rede de saúde mental, tendo em vista que os efeitos produzidos pelo modelo de cuidado da reforma nas subjetividades desses é um campo ainda carente de investigação científica. A metodologia foi construída a partir do referencial teórico-metodológico da Epistemologia Qualitativa e dos instrumentos denominados Dinâmica Conversacional e Complemento de Frases. Apresentamos os resultados a partir de estudos de caso com duas usuárias de diferentes CAPS do Recife/PE, sendo cada caso composto por: uma narrativa de vida da usuária, núcleos de sentido subjetivo e indicadores construídos narrativamente pela usuária, núcleos de sentido subjetivo e indicadores construídos pelo seu CAPS de referência e uma síntese do caso. Com base na análise dos casos encontramos diversas marcas subjetivas construídas pelas usuárias participantes a partir do contato com o acompanhamento dos CAPS, tais como: a consciência da necessidade da medicação, a percepção do CAPS como um espaço de cuidado, o adoecimento encarado como afastamento da vida, a presença e importância de redes de apoio, além do entendimento da necessidade de continuidade do tratamento e do cuidado de si ao longo da vida. Por outro lado, observamos ainda que alguns sentidos subjetivos construídos pelas usuárias vão de encontro com os discursos subjetivamente produzidos e compartilhados pelas equipes do CAPS, tais como: a real necessidade das usuárias de outros serviços versus a dificuldade de encaminhamento e a dependência da rede; a presença e disponibilidade da rede familiar versus a dificuldade do vínculo com as famílias; a promoção da autonomia versus o surgimento e encorajamento de posturas de tutela. Tais fatos apontam para a necessidade de constante reflexão e (re)avaliação, tanto das práticas no campo da saúde mental, quanto das suas repercussões nas subjetividades dos seus atores, visando construir um permanente diálogo entre a ideologia da reforma e sua efetiva consolidação na sociedade brasileira