Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
FÉLIX, Lívia Botelho |
Orientador(a): |
SANTOS, Maria de Fátima de Souza |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Psicologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/20414
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Resumo: |
Esta tese teve por objetivo compreender a dimensão da prática profissional na construção dos cuidados em saúde mental infantil em suas imbricações com as representações sociais. Propôsse a realização de uma pesquisa com ênfase na abordagem qualitativa, desenvolvida em 2 (dois) estudos. O primeiro estudo se refere a uma pesquisa documental que visou perscrutar as políticas públicas que orientam os cuidados à saúde mental infantil, apreendendo as representações normativas de infância e cuidado. Para tanto, foram analisados 28 (vinte e oito) documentos inseridos na legislação em saúde mental brasileira. Os resultados apontam invisibilidades e fragmentações nas políticas de saúde mental voltadas para a infância, cuja construção é atravessada por consensos e dissensos, processos políticos, sócio-históricos e de influência social. Refletiu-se que a ênfase atribuída por determinados segmentos e as pressões sociais exercidas para que o Estado intervenha sobre problemas específicos, como o uso de drogas e o autismo, escamoteia outras demandas e especificidades da infância enquanto categoria do tipo geracional. O segundo estudo teve a finalidade de analisar a produção de cuidados formais à saúde mental infantojuvenil em sua relação com as práticas profissionais no contexto dos serviços de saúde. Participaram desta pesquisa uma gestora da rede de saúde mental do estado de Pernambuco e 8 psicólogas/os atuantes em Núcleos de Atenção à Saúde da Família (NASF). Verificou-se uma série de impasses que demonstram a fragilidade da rede disponível nesse município para atender às crianças com demandas em saúde mental, a exemplo da insuficiência de serviços substitutivos. No que concerne ao funcionamento e aos desafios vivenciados pelas/os psicólogas/os em suas atuações no NASF, identificou-se a existência de precárias condições de trabalho, objetivadas na ausência de recursos físicos e humanos, na desqualificação dos profissionais e na existência de conflitos na natureza do vínculo (contrato temporário versus concurso público), dentre outras. Ademais, as representações sociais subjacentes às práticas e experiências desses profissionais no cuidado de crianças em sofrimento psíquico apontam conflitos entre tradições e inovações na atuação de psicólogas/os no NASF. Nesse sentido, destacaram-se as dificuldades de manejo de distintos grupos sociais (como profissionais de saúde da atenção básica e professores) frente às demandas da infância no âmbito da atenção básica. Argumenta-se que esse desafio se objetiva na própria anulação da existência de demandas em saúde mental infantil, visto que ora são construídas pela escola em seu discurso patologizante e medicalizante, ora são provocadas pela família percebida como “desestruturada” e “inapta” a cuidar da criança. Verificou-se, assim, que as práticas de cuidado à saúde mental infantil são construídas em meio às negociações de saberes de distintas ordens e da experiência vivida face às demandas e às circunscrições das condições concretas de vida e de trabalho. Conclui-se que a dimensão de (in)visibilidade da criança no campo da saúde mental em distintos níveis de análise (institucional, organizacional e grupal) é balizada pelo atravessamento de 3 (três) marcadores que eminentemente remetem à alteridade: a infância, a loucura e a pobreza. |