As relações étnico-raciais no ensino de matemática : um estudo com professores dos anos finais do ensino fundamental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: FURTADO, Maria Gabriela de Figueiredo
Orientador(a): MONTEIRO, Carlos Eduardo Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao Matematica e Tecnologica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49254
Resumo: As relações étnico-raciais é um tema complexo que envolve diferentes aspectos, entre os quais incluem-se aqueles vinculados aos processos educacionais. Nesse sentido, a escola pode constituir-se num importante espaço de aprendizagens a partir de reflexões e ações que valorizem a diversidade cultural, bem como proporcione a desconstrução de discursos e práticas educativas que silenciam ou estereotipam pessoas de diferentes origens étnicas e culturais. No Brasil a Lei 10.639/03 determina o ensino de conteúdos referentes à História e Cultura africana e afro-brasileira no âmbito de todo o currículo escolar, incluindo a área de matemática. Esta pesquisa teve o objetivo de analisar com professores da Educação Básica possíveis articulações entre o ensino de Matemática e a Lei 10.639/03 das relações étnico-raciais. Este estudo teve uma abordagem qualitativa, a qual desenvolveu-se com a participação de professores dos anos finais do Ensino Fundamental que ensinam Matemática em escolas públicas do estado de Pernambuco e do Ceará. Para produção de dados foram utilizados dois procedimentos metodológicos: entrevista semiestruturada e um processo formativo, ambos realizados na plataforma Google Meet, a qual permitiu o registro em vídeo e áudio das situações de pesquisa. Entrevistaram-se 11 docentes, sendo 4 deles atuavam em escolas de Pernambuco e os outros professores lecionavam em escolas do Ceará. Na segunda etapa, realizaram-se encontros formativos com a participação de 8 docentes que havia sido entrevistados. Os professores foram distribuídos em 2 grupos, conforme a disponibilidade de dia e horário para participarem dos encontros. Cada grupo foi composto por 4 docentes. Os componentes do grupo 1 eram todos do Ceará, enquanto o grupo 2 possuía um componente de Pernambuco e 3 do Ceará. As análises das entrevistas evidenciaram que na formação inicial e continuada, a maioria dos professores não teve oportunidades para aprofundar sobre a Lei 10.639/03, a educação das relações étnico-raciais, nem sobre suas possíveis associações com ensino de Matemática. Apenas três deles demonstraram conhecimento específico sobre essa Lei 10.639/03, quando detalharam aspectos de sua obrigatoriedade. Os demais participantes não a conheciam ou a destacaram de maneira breve. Em relação ao processo formativo, os professores participaram ativamente dos encontros, engajados, desenvolvendo reflexões sobre as temáticas. O grupo 1 demonstrou interesse em aprender e saber mais sobre as temáticas abordadas nos encontros. Enquanto o grupo 2 assumiu uma postura mais ativa, expressando opiniões e partilhando experiências pertinentes em diálogo com a pesquisadora. A pesquisa criou evidências sobre a necessidade de desenvolver situações de formação de professores que promovam não apenas reflexões, mas também ações que relacionem a educação matemática com as relações étnico-raciais, sobretudo no enfrentamento do racismo. Para transpor os desafios de uma educação matemática antirracista, são necessários novos e diversificados estudos que aprofundem as discussões e que investiguem os processos de formação de professores que ensinam Matemática, na perspectiva da Lei 10.639/03 e das diretrizes para a educação das relações étnico-raciais.