"A vida não é um sopro" : profissionais de enfermagem imaginando cuidados paliativos
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/60144 |
Resumo: | Os Cuidados Paliativos são uma abordagem centrada na melhoria da qualidade de vida para pacientes com doenças graves e suas famílias, focando no alívio da dor, gerenciamento de sintomas, apoio emocional e espiritual, tomada de decisões e foco na qualidade de vida. O presente estudo teve como objetivo acompanhar microgeneticamente os processos de mudanças no ato de imaginar de profissionais de enfermagem sobre sua atuação em Cuidados Paliativos, mediante aplicação de Círculos de Cultura como abordagem metodológica, com trabalhadores de um hospital da cidade do Recife-Pernambuco, Brasil. Tomamos nesta investigação a tese de que o modelo da imaginação como expansão da experiência de Zittoun e colaboradores (e.g., Zittoun e Cerchia (2013) pode ser ampliado ao integrarmos com a abordagem histórico- relacional proposta por Fogel, Garvey, Hsu, e West-Stroming (2006), utilizando-se de uma análise microgenética. Trata-se de um estudo de caso de grupo, com método que envolveu duas etapas: a primeira foi dedicada à aplicação de formulário eletrônico com doze perguntas fechadas e duas perguntas abertas, referentes à cuidados paliativos. Participaram desta etapa 57 profissionais de enfermagem de 5 setores do hospital. A segunda etapa se caracterizou pela realização de três encontros dedicados a um processo educacional intitulado Círculos de Cultura, desenvolvidos por Paulo Freire (1991). Os Círculos de Cultura foram conduzidos pela pesquisadora-animadora com um grupo de sete enfermeiras do mesmo hospital que haviam participado da etapa precedente. Na etapa 1, além da identificação da frequência de ocorrência das respostas objetivas, utilizou-se a técnica da nuvem de palavras para a análise das respostas referentes às duas questões abertas. Quanto à etapa 2, foi realizada análise microgenética dos registros auditivos, audiovisuais e imagéticos produzidos em cada um dos três encontros. Como resultados da Etapa 1: com 57 participantes, o panorama cultural apresentou imaginação sobre Cuidados Paliativos relacionados a cuidados de fim de vida. Na Etapa 2, percebemos que o imaginar das enfermeiras sobre Cuidados Paliativos envolveu a apresentação de padrões desenvolvimentais da imaginação: o Marco Zero onde os Cuidados Paliativos eram primordialmente relacionados a cuidados para a morte; Nível 1, caracterizado por dúvidas e contradições em relação ao imaginado; Nível 2, compreensão mais ampla e complexa, considerando os Cuidados Paliativos como uma abordagem que não é primordialmente relacionada à morte e Nível 3, imaginando Cuidados Paliativos como uma abordagem que pode reconciliar os cuidados de fim com a promoção da qualidade de vida. Adicionalmente, propomos a ampliação do modelo teórico da imaginação com a compreensão de rupturas secundárias, resultando na proposta de "Espirais Múltiplos da Imaginação", um modelo que descreve como múltiplas rupturas simultâneas nos processos imaginativos ocorre ao longo do tempo. Propomos que a análise microgenética guiada pela abordagem histórica-relacional, atrelada ao modelo da expansão da experiência, permite uma compreensão mais complexa e minuciosa da dinâmica do imaginar ao longo do tempo, especialmente em contextos dialógicos educacionais promovidos nos e pelos Círculos da Cultura. Sugerimos que, em pesquisas futuras, busquem integrar os estudos de imaginação e microgênese em outros contextos de vida. O presente trabalho insiste no fortalecimento do paliar como um cuidado à vida face ao simbolismo ainda presente que vincula este cuidado à morte, à finitude. Esperamos que este estudo impacte gestores e profissionais de saúde para a implementação de políticas para educação ao paliar, fortalecendo a importância da técnica como um instrumento legítimo para o cuidado e promoção à saúde. |