Resumo: |
O Português Brasileiro apresenta particularidades que o diferencia de outras línguas, como a possibilidade de um antropônimo vir ou não acompanhado por artigo definido: “o João” e “João”. No entanto, podemos encontrar uma terceira variante desse fenômeno: uma forma em que o artigo não apresenta o mesmo gênero gramatical do antropônimo a que se une, como “a João”. Essa variante possui um caráter emergente e tem sido encontrada na fala LGBT+, sendo explicada como marca do falante para expor tanto seu sentimento de pertencimento à comunidade quanto às suas causas (PEREIRA, 2020). Diante disso, desenvolvemos um estudo empírico para verificar as avaliações subjetivas de universitários recifenses acerca dessa última variante, tomando por base estudos sociolinguísticos que controlaram a avaliação subjetiva de seus informantes (LABOV, 2008 [1972]; CARDOSO, 2015 [1989]). Para tanto, elaboramos dois instrumentos de coleta de dados: um questionário de perguntas objetivas – para a obtenção dos dados de crença – e outro contendo teste de julgamento com escala, mais especificamente a escala Likert – para a obtenção dos dados de atitudes –, que foram julgados por 60 informantes, estratificados de acordo com duas variáveis de controle: a autoidentificação de gênero e a comunidade. Os resultados alcançados nesta pesquisa apontam para o fato de estarmos diante de um fenômeno que sofre interferência significativa de uma das duas variáveis, a saber: a comunidade – indivíduos pertencentes à comunidade LGBT+ possuem crenças e atitudes linguísticas altamente favoráveis à variante controlada, enquanto aqueles que não pertencem à comunidade tendem a seguir por um caminho contrário. Esse resultado, então, comprova a nossa hipótese de que o favorecimento dessa variante está relacionado com o senso de pertencimento do indivíduo. |
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