As representações sociais do ser mulher para crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: FIGUEIREDO, Alanna Tuylla Dantas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Educacao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49396
Resumo: Debates recorrentes que envolvem a mulher e questões de gênero em sua abrangência estão presentes nas mais variadas esferas da sociedade. Preocupações voltadas à essa temática, no âmbito da escola, são imprescindíveis, uma vez que podem problematizar e desconstruir discursos e práticas assentadas em padrões machistas e conservadores que naturalizam a opressão. A escola é um dos fortes espaços de socialização das crianças – nela as mesmas têm oportunidades para conhecer outras realidades e estabelecer relações sociais diversificadas. Esta pesquisa tem como objetivo geral identificar as representações sociais do ser mulher construídas por crianças, matriculadas em escolas dos anos iniciais do Ensino Fundamental situadas em Recife, indicando possíveis influências do contexto escolar e social na formação de tais representações. Tomamos como referencial, a Teoria das Representações Sociais (TRS): um campo de estudos que privilegia os conhecimentos do senso comum. Representações sociais são formas de explicar a realidade que guiam os comportamentos e práticas dos sujeitos. Desenvolvemos um estudo de abordagem qualitativa delineado como estudo de campo, do qual participaram 69 crianças, matriculadas em turmas de quarto e quinto ano de escolas públicas e escolas privadas, situadas nos bairros que apresentaram os maiores índices de violência contra a mulher na cidade do Recife, em 2021. Para coleta de dados, utilizamos a prática do desenho e a entrevista semiestruturada. Os dados foram organizados e analisados com o suporte da técnica de Análise de Conteúdo. Os resultados demonstraram que as representações do ser mulher para crianças de escola pública, têm na mãe seu maior referente. À mãe estão correlacionados os termos: guerreira; cuidado; proteção e, de modo discreto, vaidade; liberdade; respeito. Para as crianças de escola privada, as representações sociais do ser mulher estão fincadas nos elementos: fonte de vida; complacência; guerreira; livre, assim, permeiam nessas representações a figura da mãe. As representações sociais do ser mulher, em ambos os grupos investigados, apresentam como um estruturador comum o símbolo da mãe, articulado a defesa da liberdade feminina e aos desafios enfrentados pelas mulheres que são sintetizados na metáfora: guerreira. A pesquisa confirmou através da literatura sobre as representações sociais, a influência do contexto social e as condições materiais de vida das crianças para a construção das representações do ser mulher nos dois grupos investigados. A análise das falas e dos desenhos das crianças indicou a dificuldade de identificação de representações isoladas do objeto investigado. O ser mulher, para crianças de escolas públicas e privadas, é um campo simbólico para o qual convergem vários elementos. São representações sociais correlacionadas que formam um sistema de representações. Entre crianças de escola pública há uma relação de hierárquica de elementos, no qual o ser mulher como mãe orienta e perpassa os demais elementos como guerreira; feminina; livre, por sua vez, entre os grupos de meninos e meninas de escolas particulares, elementos como: vida; complacência; guerreira e livre estão articulados à mãe como figura de referência para esses sujeitos. Portanto, o estudo ratifica o conceito de sistema representacional como representações intricadas. Em face do exposto, reiteramos a necessidade de trazer à luz discussões sobre temas sensíveis, alvos de preconceitos na sociedade e na escola para a formação inicial e continuada de docentes, a fim de que os futuros professores e aqueles em exercício possam discuti-los e problematizá-los de forma a contribuir na construção de uma sociedade mais inclusiva.