Remitologizando a negritude : identidade cultural e representações da consumidora negra brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: FARIAS, Miriam Leite
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Administracao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/47281
Resumo: O mito da democracia racial brasileira e a forma como esse fora sustentado por atores de mercado no século XX, faz com que ele possa ser interpretado como um mito mercadológico. Mitos de mercado são recursos culturais que atraem os consumidores para atividades de consumo ou marcas. Nesse caso, esse mito foi utilizado para sustentar uma determinada agenda ideológica, a qual visava localizar o Brasil em um contexto de nações progressistas com uma população mestiça, tropical e única no mundo. No entanto, esse mito, ao homogeneizar a população na condição de povo brasileiro, não permitia espaços para reivindicações de políticas identitárias da população descendente dos negros escravizados. Consequentemente, subjacente a esse contexto, estruturou-se uma hierarquia social em que os traços físicos e culturais da mulher branca descendente dos colonizadores europeus eram tidos como ideias, a figura da mulata apareceria no meio, representada de forma sexualizada, sendo relacionada a símbolos de uma identidade nacional, e, por último, estaria a mulher negra, tendo sua imagem relacionada a estigmas de submissão e não adequação aos padrões socialmente desejáveis. Nessa Tese, considerando esse contexto de formação identitária da mulher negra a partir da literatura e apoiada na ideia de identidade cultural de Stuart Hall, busquei compreender como essa identidade estaria sendo construída nos dias de hoje em plataformas de redes sociais. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo com coleta de três fontes de dados: postagens de páginas de Instagram que abordavam temas sobre identidades negras no Brasil, entrevistas com criadores de conteúdo e entrevistas com consumidoras negras das páginas analisadas. Por meio da técnica de análise hermenêutica, compreendi que a identidade da consumidora negra brasileira, a partir dessas informações coletadas, pode ser diferenciada em quatro dimensões, são elas: naturalização da negritude, família afro centrada, poder, e comunidade fortalecida. Na constituição dessa identidade cultural, ocorre o processo de remitologização da negritude por meio de três mecanismos: o re-ancoramento da identidade cultural nas raízes africanas, a desconstrução de estigmas relacionados a mulher negra e o reposicionamento de papéis sociais. Ao final desse processo, é possível observar o surgimento de uma contra mitologia de mercado, a qual denomino Afro centrismo feminino.