Dominância da ictiofauna em função das estruturas de recifes costeiros brasileiros: disponibilidade de habitats e questões conceituais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: CARDOSO, Ályssa Thayna Pedrosa
Orientador(a): ARAÚJO, Maria Elisabeth de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Oceanografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34536
Resumo: Os ambientes recifais são caracterizados pela alta diversidade de espécies e endemismo. A falta do conceito utilizado para caracterizar numérica ou ecologicamente uma espécie é evidenciada quando estudos classificam os peixes como pouco ou muito abundantes, dominantes ou frequentes, e mostram diferentes gradações de limites sem demonstrar o embasamento teórico usado para essas escolhas. Esse trabalho tem como objetivo avaliar a dominância das espécies de peixes em função das condições ecológicas dos morfotipos recifais brasileiros. O estudo foi desenvolvido com 32 artigos realizados em segmentos litorâneos (norte, nordeste e leste) do Brasil. Os resultados totalizam 64 espécies, sendo oito delas dominantes para a costa brasileira: Abudefduf saxatilis, Acanthurus bahianus, Acanthurus chirurgus, Acanthurus coeruleus, Haemulon aurolinatum, Haemulon parra, Sparisoma axillare e Stegastes fuscus. A distribuição das espécies esteve relacionada às características ambientais e disponibilidade de alimento, estando presentes em cada litoral espécies adaptadas ecologicamente às condições oferecidas pelo morfotipo recifal. As espécies de haemulídeos dos segmentos Norte e Nordeste, constituídos por substratos rochosos, foram favorecidos pela maior variedade bentônica dessas áreas. Acanthurus bahianus também foi exclusivo no segmento Nordeste, distribuição relacionada à maior oferta de alimento e crescente complexidade estrutural dos recifes. No segmento Leste A. coeruleus teve distribuição também relacionada à sua especialização alimentar e por habitarem regiões mais protegidas, podendo exercer influência positiva sobre a comunidade coralínea. O termo dominância ecológica não se refere à apenas um conceito numérico, além disso depende da agressividade e a capacidade de alterar o habitat, influenciando o ambiente onde estão inseridas. Certos comportamentos de peixes podem ser indicativos de dominância social ou hierarquia baseada em grupos, como o polimorfismo ontogenético de Stegastes e Acanthurus, que garante aos juvenis menor agressividade oriunda de espécimes adultos; o dimorfismo sexual em Sparisoma axillare, quando machos terminais protegem territórios e harém reprodutivos; o “seniorismo” em algumas espécies de Haemulon onde indivíduos mais novos seguem os mais antigos do cardume em rotas migratórias noturnas, para aprender os melhores locais de alimentação. Recomenda-se o uso do termo dominância ecológica relacionado à importância ecossistêmica da espécie e o papel que exerce sobre as demais espécies no ecossistema, associado à alta abundância da mesma. Os morfotipos apresentam características únicas capazes de proporcionar uma grande variedade de ambientes e recursos para as espécies que neles habitam. Terraços de abrasão e beachrocks são estruturas que formam poças de marés. Nesses micro-ecossistemas os organismos estão adaptados às maiores variações de salinidade, temperatura, luminosidade, pH e oxigênio dissolvido. Os parrachos se fazem importantes devido à variedade de peixes recifais, abrigando organismos capazes de habitar áreas recifais e de matrizes arenosas. Áreas de bancos recifais também proporcionam os mais diversos tipos de hábitats, como lagunas, locas, cavernas profundas, cabeços, piscinas e canais. Os pináculos são estruturas coralíneas em forma de cogumelos, ecossistemas profundos que abrigam uma grande diversidade de fauna e flora recifal capazes de aumentar o grau de complexidade ambiental devido à disponibilidade de micro-habitats formados.