Mulheres diagnosticadas com câncer de mama imaginando seu adoecimento durante a pandemia da COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: FERNANDES, Juliana Ramalho
Orientador(a): LIMA, Ana Karina Moutinho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41452
Resumo: O diagnóstico do câncer pode representar para a mulher uma forte sensação de perda, medo, vulnerabilidade e, principalmente, a preocupação em relação ao futuro através de uma doença inesperada que traz consigo uma ameaça à continuidade da vida. Diante da atual pandemia da COVID-19, pessoas em tratamento oncológico foram consideradas como parte do grupo de risco para a doença e algumas mudanças puderam ser observadas inclusive no que concerne aos tratamentos utilizados para o câncer. A imaginação é considerada como uma função mental superior fundamental no que diz respeito às incertezas do futuro, pois como processo cultural semiótico, quando a consideramos enquanto processo de adaptação e pré- adaptação ao futuro, torna-se possível imaginar as várias possibilidades de significados diante de uma situação como o diagnóstico do câncer de mama, antecipando-as para o momento presente em que vivemos, na medida em que reconstruímos o passado. A partir disso, foram utilizados estudos recentemente realizados por Zittoun (2020) a partir da sua compreensão da imaginação como uma experiência de looping. Trata-se de um estudo idiográfico que teve como objetivo investigar como duas mulheres diagnosticadas com câncer de mama imaginam o seu processo de adoecimento durante a particular vivência da atual pandemia provocada pelo SARS-CoV-2. Para tanto, foram realizados dois encontros separadamente através do uso de videochamadas previamente agendadas com cada participante do estudo com o objetivo de acompanhar o processo de transformações das construções sígnicas sobre o futuro ao longo dos encontros virtuais. Nesses encontros virtuais foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a utilização de um questionário sociodemográfico e roteiro de entrevista elaborados pela pesquisadora e foi proposta uma adaptação ao modelo da caixa de surpresas diante do ineditismo de uma construção de dados em formato virtual. Os dados foram analisados de acordo com os conceitos teóricos desenvolvidos por Zittoun e Cerchia (2013), Zittoun e Gillespie, (2016), Gfeller e Zittoun (2020) e Zittoun (2020) como dimensões do que concebem enquanto imaginação: temporalidade, plausibilidade, generalidade e corporeidade, assim como três elementos constitutivos do loop imaginativo: gatilhos, recursos e desfechos. Os resultados desse estudo apontaram a partir da dinâmica imaginativa de cada participante, loops em que foram observadas sucessivas tentativas de adaptação ao futuro incerto diante da doença que enfrentam e da situação de pandemia que vivem. A partir disso, foi possível verificar a hipótese sobre a relação entre a imaginação e o conceito de coping desenvolvido por Lazarus e Folkman (1984) através das transformações sígnicas observadas. Sendo assim, o presente estudo possibilita a investigação da imaginação em diferentes cenários, o que contribui também para a expansão teórica e empírica no tocante à Psicologia Cognitiva.