Afundamento dos Naufrágios Mercurius, Saveiros e Taurus, caracterização e comportamento de simbiose alimentar da Ictiofauna na plataforma de Pernambuco Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Fonseca Fischer, Alessandra
Orientador(a): Hissa Vieira Hazin, Fábio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8134
Resumo: O afundamento dos rebocadores Taurus (24,3 m), Saveiros e Mercurius (29,1 m) constituíram uma ótima oportunidade para acompanhar todo o processo de colonização biológica, desde o seu início, gerando assim dados essenciais para a compreensão da dinâmica ecossistêmica em outros naufrágios já existentes na região. O presente trabalho foi desenvolvido na plataforma continental do Estado de Pernambuco, entre as latitudes 08o 03 00 e 08O04 00 S, em uma profundidade aproximada de 24 e 30m, nos locais onde os rebocadores foram afundados. Os mesmos foram dispostos em linha paralela à costa, distando cerca de 1 milha náutica entre si. O projeto cientifico, de iniciativa do Departamento de Pesca e Aqüicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, contou com a colaboração da Universidade Federal de Pernambuco UFPE, o apoio da Associação das Empresas de Mergulho do estado de Pernambuco, representada pela Aquáticos Centro de Mergulho e da Empresa Wilson Sons. A metodologia utilizada nos mergulhos foi a do transecto adaptado, no qual 4 mergulhadores percorrem o naufrágio em aproximadamente 15 minutos, registrando o número de indivíduos de cada espécie, e também foram obtidos fotos e filmagens para melhor identificar as espécies avistadas. Pretendeu-se, a partir do mesmo, estudar o processo de colonização nos naufrágios, desde o seu afundamento, através do relato das espécies de peixes presentes, identificando-se a sua abundância relativa, freqüência de ocorrência por família e por espécie, diversidade, ocupação espacial e nível trófico. Foi também determinado os índices biológicos de eqüitabilidade (J´) e riqueza das espécies (Shannon = H´), e aplicados os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e ordenação não métrica multidimensional (MDS), além de se obter informações acerca dos aspectos etológicos, principalmente daqueles relacionados com a alimentação e limpeza. No total foram contabilizadas, 97 espécies distintas, pertencentes a 70 gêneros e 42 famílias. As curvas cumulativas revelaram que a partir do décimo mês de monitoramento os três naufrágios apresentavam, aproximadamente, o mesmo número de espécies (Taurus = 66, Saveiros = 68, Mercurius = 69). A família mais representativa no total do número de espécies foi a Labridae com nove espécies. A abundância absoluta, foi de 80.509 indivíduos para os três naufrágios estudados. Do total de espécies registradas (97 individuos), 59 foram comuns aos três naufrágios. Do primeiro para o segundo ano, os três naufrágios apresentaram um decréscimo quanto à sua diversidade biológica e equitabilidade, com maiores valores para: Mercurius (H´=2,91 e J´=0,83), Saveiros (H´=2,93 e J´=0,84) e Taurus (H´=2,67 e J´=0,77). Relativo ao teste de Mann-Whitney, o Mercurius, Saveiros e Taurus apresentaram diferença significativa (H´) e apenas o mercurius e taurus para o indice de equitabilidade entre os anos. Já a aplicação do teste de Kruskal-Wallis, verificou que apenas houve diferença significativa para a equitabilidade no primeiro ano do estudo (H=10.95, p<0.05), entre o Mercurius e Taurus e entre o Saveiros e Taurus. O padrão da freqüência relativa dos diferentes tipos de ocupação espacial observados foi semelhante para os três naufrágios, predominando o Tipo A, das espécies ligadas diretamente aos naufrágios. A análise de MDS bi-dimensional demonstrou que as comunidades dos três naufrágios se sobrepuseram na sua maioria, mas apresentaram diferença significativa quanto à sua composição (R=0.122, p<0.05). Em relação à estrutura trófica, os naufrágios apresentaram uma distribuição relativa entre as classes tróficas, estando os planctívoros e comedores de invertebrados móveis entre os mais abundantes, seguido dos omnívoros e carnívoros. Ao longo das três embarcações naufragadas, foram registradas diversas estações de limpeza (ex: casario, convés, hélice). No presente trabalho, foram registradas cinco espécies de limpadores (Elacatinus figaro, Holacanthus tricolor, Halicoeres dimidiatus, Halicoeres bivittatus e Bodianus rufus) e oito de clientes (Cephalopholis fulva, Acanthurus bahianus, Acanthurus coeruleus, Holacanthus ciliares, Gymnothorax funebris, Pseudupeneus maculatus, Haemulon aurolineatum e H. squamipinna) realizando atividade de limpeza nos naufrágios e proximidades. Em relação ao comportamento de perseguição alimentar, duas espécies demonstraram serem nucleares (Pseudupeneus maculatus e Mulloidichthys martinicus e seis seguidoras (Anisotremus virgínicus, Haemulon plumieri, Ocyurus chrysurus, Halichoeres brasiliensis, Sparisoma axillare e Lutjanus synagris) Contudo, a julgar pela composição trófica e interações alimentares observadas, os naufrágios parecem funcionar ecologicamente de forma muito parecida com os recifes naturais, sem afetarem a composição da estrutura trófica