Resumo: |
Com o objetivo de detalhar as características clínico-patológicas dos papilomas centrais e periféricos, diagnosticados em tecido mamário obtido por setorectomia ou biópsia excisional, foi realizado estudo retrospectivo, descritivo, a partir da análise dos laudos de exame anatomopatológico desses materiais, constantes do arquivo do Departamento de Patologia do Hospital de Câncer da Paraíba Fundação Napoleão Laureano, referente ao período de Dezembro de 2000 a Dezembro de 2006. Foram localizados 63 laudos referentes a 54 pacientes do sexo feminino, com idade média de 50,87 ± 11,34 anos, que obedeciam às características de: laudo com diagnóstico de papiloma, independente de qualquer classificação, em ausência de carcinoma invasor, firmado com base em clivagem completa e inclusão total em bloco de parafina, pelo próprio pesquisador, à época do diagnóstico anatomopatológico da lesão; registro de idade, topografia da lesão mamária e resultado de, no mínimo, um exame de imagem anterior à setorectomia, no prontuário da paciente, assim como existência dos blocos de parafina dos respectivos materiais de biópsia excisional. Resultou amostra não probabilística, de conveniência, constituída por 418 lâminas de material de biópsia excisional e de descarga papilar, quando existentes, e 930 cortes histológicos, reavaliados pelo pesquisador e pela Orientadora, por microscopia óptica. Quando necessário, os blocos de parafina foram reprocessado pela técnica de rotina (HE). As variáveis foram: faixa etária da paciente; topografia e lateralidade da lesão, características macroscópicas de descarga papilar, palpabilidade tumoral e aspecto ao exame de imagem, presença de alterações de papila mamária; história familiar de câncer, de biópsia mamária prévia ou de recidiva de papiloma; número de fragmentos de biópsia enviados para exame anatomopatológico, dimensões da peça cirúrgica. Para classificação do padrão citoarquitetural e tipo de lesões em tecido perilesional dos papilomas a categorização foi: padrão papilar clássico, hiperplasia epitelial típica com formação de lúmens secundários (simples, com metaplasia apócrina típica, com padrão apócrino símile, com metaplasia apócrina atípica) e de padrão sólido; hiperplasia epitelial atípica de padrão apócrino símile sólida, hiperplasia epitelial leve com metaplasia apócrina típica, hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina (típica ou atípica), hiperplasia epitelial típica micropapilífera sem eixo conjuntivo, áreas de adenose símile, de hiperplasia mioepitelial e de adenomioepitelioma símile. Houve predomínio de: papiloma em mulheres na faixa etária de 50 a 59 anos (40% centrais e 39,3%, periféricos), em mama direita (60% centrais e 64,3%, periféricos), em região retroareolar (36,5% por papilomas centrais e 25,4% periféricos). Quanto ao motivo da consulta clínica, 18 (28,6%) casos apresentavam tumor palpável (55,6% papilomas centrais e 44,4%, periféricos). Nos casos com tumor não palpável, 23,8% apresentavam apenas descarga papilar (17,12% com papiloma central e 32,1%, periférico). A descarga papilar esteve presente em 38,1% dos casos, 54,2% em papilomas periféricos, na presença de tumor palpável (28,6%). Quanto à presença de descarga papilar espontânea, houve 36,5% casos (43,5% em papilomas centrais e 20,6% em periféricos), predominando aspecto macroscópico sanguinolento (52,2%) (60% em papilomas centrais e 46,2% em periféricos). Dentre os 16 casos com resultado de mamografia registrado em prontuário como BI-RADS® 4 ou 5, o índice de acerto de suspeita de carcinoma igualou-se a 12,5%. À ultra-sonografia mamária, dentre 53 casos, 15,1% tinham achado de ectasia ductal com nódulo sólido intraductal sugestivo de papiloma, confirmado à histopatologia. Considerando padrões arquiteturais predominantes os que ocupavam mais de 50% da lesão papilomatosa como um todo, predominou o padrão clássico, (52% centrais e 48% periféricos), seguindo-se hiperplasia mioepitelial (28,6% centrais e 20% periféricos). Nos papilomas com carcinoma (12,7%), 33,3% eram centrais, 66,7%, periféricos (destes, 25% perilesionais). Em um caso, havia hiperplasia típica com formação de lumens secundários. Dentre os casos de carcinoma intraductal associado a papiloma, predominaram os padrões papilífero cribriforme apócrino (34%) e papilífero apócrino (26%). Houve dois casos com carcinoma intraductal de padrões micropapilífero e cribriforme apócrino e carcinoma intraductal de padrão cribriforme apócrino símile, em área perilesional. Os resultados da presente pesquisa permitiram evidenciar as dificuldades envolvidas no diagnóstico dos papilomas e reforçaram a idéia da necessidade de excisão dessa lesão, evitando assim as recidivas e a evolução para malignização |
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