O belo sensível na Filosofia da natureza de Santo Agostinho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: BRANDÂO, Ricardo Evangelista
Orientador(a): COSTA, Marcos Roberto Nunes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Filosofia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/14931
Resumo: O objetivo da presente tese é investigar a fundamentação da beleza sensível na cosmologia de Santo Agostinho, que emerge da sintetização das influências neoplatônica-plotiniana e escriturística-cristã em seu contínuo debate com os maniqueus, detectando os principais problemas levantados pelos discípulos de Mani, os quais defendiam a existência da fealdade no cosmos, apontando como causa deste feio sensível o fato de terem sido emanados da mistura das duas substâncias ontológicas eternas originárias do mundo; a luz, que é a própria beleza e fonte de tudo o que é belo; e as trevas, que é o feio em si, e origem de toda a fealdade. Na intenção de refutar as citadas ideias, o Hiponense obstinadamente defendeu uma natureza ontologicamente bela, utilizando assim categorias estéticas extremamente amplas, notadamente: similitudine, aequalitas, congruentia partium, numerus, unitas e a integritas, para que fossem englobadas até mesmo aquelas criaturas que são aparentemente despidas de evidentes atrativos de beleza, segundo a ótica humana. Entre as categorias citadas, a unitas é a categoria estética ontológica, que fundamenta a beleza e o ser ou existir das criaturas. Logo, tudo o que é belo o é graças à unidade, ou melhor, possui algum grau de unidade, e as outras categorias estéticas mencionadas, realizam a unidade na multiplicidade. As categorias estéticas da similitudine, aequalitas, cogruentia e do numerus, são como graus, ou manifestações da unitas no cosmos sensível. Sendo a unitas o fundamento ontológico e estético de todas as criaturas, não é possível encontrar criaturas despidas de unidade e, consequentemente, de beleza, visto que a beleza é ontológica porque a unitas que é o fundamento sensível da beleza sensível igualmente é ontológica. De forma que se uma criatura existe, ela necessariamente possui unitas e é pulchra. A unitas sem dúvida é o fundamento sensível das belezas sensíveis, todavia como bom neoplatônico cristão, no Filósofo de Hipona existe um fundamento último para qualquer beleza, que é o fundamento inteligível. Segundo Ele, o fundamento inteligível da beleza sensível é a Summe Unam (Deus). Com efeito, Deus é o fundamento da beleza sensível por ser o criador de todas as belezas, como também pelo fato d‟Ele próprio ser a própria beleza em si, a beleza absoluta. Assim, o cosmos sensível possui universalmente a unidade, e, portanto, é universalmente belo porque foi criado por um Deus absolutamente belo, e igualmente por participar e imitar essa unidade e beleza suprema. O modus operandi dessa relação das belezas sensíveis com a Beleza inteligível, se dá mediante participação e imitação do projeto intelectual disposto na pessoa do Verbo. Assim sendo, com o fundamento sensível e inteligível da beleza sensível, o Filósofo de Hipona, imbuído pelo debate antimaniqueu, costurou uma teoria do belo sensível que superasse todos os ataques maniqueus à beleza e bondade do cosmos, tomando como base teórica para construção dessa estética a filosofia neoplatônica. Todavia, ele era um Filósofo cristão, e a teologia cristã está indelevelmente presente em seu esforço intelectual filosófico, de forma que o neoplatonismo utilizado pelo Pensador foi um neoplatonismo modificado com categorias cristãs.