Programação fetal e desnutrição perinatal: efeitos da estimulação do sistema serotoninérgico sobre aspectos moleculares da memória e comportamento alimentar de ratos adultos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: CUNHA, Allan Delano Urbano
Orientador(a): SOUZA, Sandra Lopes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Neuropsiquiatria e Ciencia do Comportamento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25388
Resumo: Introdução: A desnutrição proteica perinatal interfere na maturação do áreas encefálicas, como hipotálamo e hipocampo, podendo ocasionar modificações tardias nas funções como memória e comportamento alimentar em animais adultos. Portanto, pode modificar os mecanismos de facilitação sináptica realizado pelo sistema serotoninérgico, com mediação do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF) nessas áreas. Objetivo: Objetivou-se investigar os efeitos a longo prazo da desnutrição hipoproteica sobre a plasticidade sináptica, correlacionando a estimulação do sistema serotoninérgico com os processos de memória e o comportamento alimentar. Materiais e métodos: Ratos da linhagem Wistar foram divididos em 2 grupos experimentais de acordo com a dieta fornecida às mães durante gestação e lactação: controle (CTRL, caseína a 17% n= 24) e desnutridos (DESN, caseína a 8%, n= 29). Após o desmame, os filhotes provenientes de cada grupo receberam dieta padrão do biotério. Foi observado a evolução ponderal do 1o ao 180o dias de vida. Avaliou-se a ingestão alimentar e sequência comportamental de saciedade no 30, 80 e 175 dias. Aos 158 dias de vida os grupos foram divididos em subgrupos, segundo o tratamento farmacológico: administração de solução salina (CTRL SAL e DESN SAL: 0,9% NaCl, s.c., n= 24) ou de fluoxetina, um Inibidor Seletivo de Serotonina (ISRS) (CTRL FLU e DESN FLU, fluoxetina 10mg/Kg, s.c, n=24). Avaliou-se a ansiedade aos 170 dias e no intervalo de 175 a 180, observou-se o tempo de exploração de objetos para avaliar a memória de curta e longa duração. Em seguida, os animais foram eutanasiados por decapitação, os tecidos foram retirados e congelados a -80ºC para análise da expressão gênica do BDNF, da monoaminoxidase MAO-a e o receptor 5HT1A. Resultados: Os animais desnutridos apresentaram uma redução de peso que se manteve mesmo após a aplicação de fluoxetina na idade adulta. Houve diferença no consumo alimentar, observou-se hiperfagia nos animais desnutridos aos 30 e 80 dias, bem como apresentaram retardo do aparecimento de saciedade. Porém, após a aplicação de fluoxetina, aos 175 dias não apresentaram hiperfagia, mas houve adiantamento de saciedade. No teste de memória de longa duração o grupo DESN FLU apresentou uma facilitação nos processos de memória de reconhecimento de objeto, explorando mais objeto o novo. Sobre expressão gênica do receptor serotoninérgico e fatores neurotróficos houve elevação significativa de BDNF, da MAO-A e do receptor 5-HT1A no grupo DESN FLU. Concluímos que o efeito da desnutrição precoce promoveu alterações tardias no perfil ponderal, da memória e do comportamento alimentar. Entretanto, a plasticidade neural apresentou-se maior naqueles animais adultos, submetidos à desnutrição precoce, pois houve modificações tanto moleculares como comportamentais, refletindo sobre os processos de memória de longa duração e sobre o controle homeostático do comportamento alimentar.