Avaliação da (in)segurança alimentar em áreas de marcante instabilidade social e econômica do Nordeste

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Juliana Souza
Orientador(a): BATISTA FILHO, Malaquias
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8589
Resumo: A segurança alimentar inscreve-se numa proposta de desenvolvimento humano, onde o direito à alimentação é entendido como uma prerrogativa básica, universal e indivisível, face ao pressuposto de que, sem uma alimentação adequada em quantidade e qualidade, nega-se a condição fundamental de cidadania. Objetivou-se descrever, em duas áreas de marcante instabilidade socioeconômica do Nordeste, Zona da Mata e Semi-árido, a situação de (in)segurança alimentar e sua relação com o estado nutricional de crianças, com base em um estudo transversal, em amostra de 501 famílias em Gameleira e 458 famílias, em São João do Tigre. A avaliação da (in)segurança alimentar foi efetuada mediante a aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, devidamente validada para a realidade do país. A classificação do estado nutricional foi feita a partir dos indicadores estatura/idade, peso/idade, índice de massa corporal (IMC), níveis de hemoglobina e retinol sérico, segundo procedimentos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. A insegurança alimentar foi caracterizada em quase 90% das famílias dos dois municípios, predominando as condições de insegurança moderada (40,2%) em São João do Tigre e grave (36,9%) em Gameleira. Verificaram-se prevalências baixas de desnutrição pelo IMC, e resultados bem mais elevados pelo índice estatura/idade (E/I), nas duas localidades. As prevalências de anemia e hipovitaminose A foram mais elevadas em Gameleira (46,3% e 25,2%, respectivamente) comparadas com São João do Tigre (37,1% e 15,8%, pela ordem de citação). As análises de regressão linear multivariada demonstraram que, em Gameleira a renda familiar per capita, escolaridade materna e idade da criança influenciaram significativamente o estado nutricional, pelo índice E/I, enquanto em São João do Tigre apenas a renda familiar per capita e escolaridade materna se mantiveram no modelo ajustado. Para os níveis de hemoglobina em Gameleira, foram identificadas como estatisticamente significativas, depois dos ajustes, as variáveis escolaridade materna, renda per capita, não possuir TV colorida, água de consumo doméstico sem tratamento, piso de terra batida e idade abaixo de 24 meses, enquanto para São João do Tigre o modelo final estatisticamente significativo ficou resumido à ausência de motocicleta na família e a idade da criança (menos de 2 anos). Em relação aos níveis de retinol sérico, o modelo final de variáveis estatisticamente associadas ficou representado pelas condições renda per capita e sexo, para Gameleira e ausência de telefone celular e falta de esgotamento sanitário em S. J. do Tigre. Em população de elevado grau de pobreza, baixo Índice de Desenvolvimento Humano e prevalência quase generalizada de insegurança alimentar, torna-se pertinente considerar os diferentes indicadores da situação alimentar e nutricional, de tal modo que sua interpretação ressalta mais o caráter de complementaridade, de consideração de avaliação de diferentes aspectos do que a avaliação de suas discrepâncias, como nos desencontros entre os resultados da escala EBIA, por um lado, a antropometria nutricional e as carências nutricionais específicas, por outro