Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Meló, Roberta de Sousa |
Orientador(a): |
Ferreira, Jonatas |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11331
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Resumo: |
Esta tese busca analisar a experiência corporal de pessoas que passaram pelo processo de uma cirurgia cosmética mal sucedida, a partir da descrição do vivido pelo próprio indivíduo que teve seu corpo mutilado e/ou deformado. Buscamos compreender os significados que essas pessoas atribuem às suas práticas, bem como o processo de ressignificação e ressimbolização do corpo por elas realizado. O trabalho se insere no cenário das práticas corporais contemporâneas, fortemente marcado pelo estímulo a conhecer e explorar a plasticidade e as potencialidades do corpo em função das expectativas e das vontades do indivíduo. Este contexto é também caracterizado por um trabalho de reflexividade e de subjetivação que exige o controle pleno do indivíduo sobre seu corpo como forma de auto-afirmação. Enquanto reflexo desse cenário, o desenvolvimento das cirurgias cosméticas tem estimulado a necessidade do sujeito contemporâneo de perseguir e controlar cada parte do seu corpo tida como desfavorável, do que decorre o nosso argumento de que há uma ansiedade diante do próprio corpo que é também uma ansiedade em se firmar como sujeito. Diante disso, propomos pensar no consumo das cirurgias cosméticas como a experiência fenomenológica de se conviver com um detalhe de insatisfação que fala em nome do todo corporal. O estudo envolveu momentos analíticos mais estruturais, por considerarmos as referidas práticas cosméticas como efeito de uma ansiedade que é culturalmente engendrada. Entretanto, ele foi preponderantemente orientado por preocupações e enfoques que nos levaram a optar pela teoria fenomenológica como nosso guia. Neste sentido, privilegiamos a compreensão das formas de interiorização, de adequação e de produção de significados que o indivíduo mutilado e/ou deformado pela cirurgia estética experimenta corporalmente. Diante disso, uma metodologia de pesquisa qualitativa e fenomenológica pareceu-nos uma escolha pertinente. O trabalho de campo foi realizado no período de julho de 2009 a agosto de 2011. Nosso material empírico foi composto pelas narrativas obtidas através de 19 entrevistas semi-estruturadas (sendo 17 realizadas com mulheres e 2 com homens) e por outros dados (entrevistas com cirurgiões,acesso a blogs, comunidades virtuais, matérias de programas televisivos e de revistas) que se constituíram como materiais complementares. As experiências nos falam de uma trajetória de insatisfação com o corpo que é exacerbada com o malogro das cirurgias. Em suas interações cotidianas, os corpos pós-cirúrgicos são associados à perturbação de uma ordem simbólica e, sobretudo, a um exercício precário de reflexividade, do que decorrem os prejuízos na sua vida afetiva e social. No entanto, é também no trabalho de Merleau-Ponty que encontramos elementos para considerar a reabilitação do potencial político desses corpos no mundo-da-vida e a capacidade dos sujeitos de reconhecer novas possibilidades de ação a partir da experiência corporalmente vivida. |