Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
FERREIRA, Keyla Cristina Vieira Marques |
Orientador(a): |
SCOTT, Russell Parry |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso embargado |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Antropologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/50129
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Resumo: |
A tese elegeu como objetivo central a relação de poder da Rede Coque Vive, baseada na ética do cuidado de si e realizada na comunidade do Coque, Recife-PE, interpelando os modos históricos de o Estado e da comunicação midiática oficial promoverem seus discursos e governamentalidades, criando narrativas e mecanismos de poder que disseminam estigmas e imagens sociais negativas do Coque facilitando a inserção de projetos de especulação imobiliária que têm recaído sobre a comunidade, um território de históricas injustiças e desigualdades sociais. O pensamento ocidental, a partir do momento cartesiano, privilegiou o “conhece-te a ti mesmo” em detrimento do cuidado de si, eximindo o trabalho reflexivo de pôr em questão o ser do sujeito como chave de acesso à verdade. Isso possibilitou que adentrássemos a Idade Moderna ancorados na razão ilustrada, no saber de conhecimento como única fonte de o sujeito ter acesso à verdade. Fundamentada no pensamento tardio de Michel Foucault ministrado nos cursos do Collège de France, problematizamos as origens e implicações da governamentalidade do Estado que, desde a Idade Clássica, produzem efeitos de verdade vinculados ao racismo de Estado, à barbárie governamental liberal e neoliberal e à gestão biopolítica da população, que hoje se apresentam como Estado policial e carcerário, cruzando racionalização e excessos de poder às narrativas midiáticas. Operamos com a noção de cuidado de si para refletir e analisar as formas de vida resistentes da experiência da Rede Coque Vive e defendemos que a RCV, de um lado, cindiu a forma tradicional de o Estado e da mídia difamarem e desqualificarem o Coque, e seus moradores, vinculando o poder da verdade ao domínio e à ordem dos discursos ubuescos, conservadores, associados à lógica capitalista de estigmatização e de criminalização da pobreza, de violência de Estado, de naturalização da exclusão e segregação sociais. De outro lado, emplacou uma nova relação de poder, fundamentada na singularidade das formas de vida existentes no Coque, nos laços de pertencimento, na luta histórica pela posse legal da terra. A Rede Coque Vive, através da ética do cuidado de si e do outro, pavimentou uma nova relação de poder, onde os próprios habitantes do Coque conduzem suas formas de vida, governam o Coque e ocupam a cidade. |