Animais de estimação e civilidade: a sensibilidade de empatia interespécie nas relações com cães e gatos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: LIMA, Maria Helena Costa Carvalho de Araújo
Orientador(a): PERRUSI, Artur Fragoso de Albuquerque
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29552
Resumo: Nas últimas décadas, é possível perceber um conjunto de mudanças qualitativas nas relações humanas com cães e gatos, cada vez mais percebidos como indivíduos, seres moralmente relevantes e, frequentemente, como membros da família. Nesta tese, contraponho-me às abordagens que caracterizam esse fenômeno como fruto de distorções, fantasias ou antropomorfização, recusando-se a analisar essas relações como genuinamente sociais. Ao invés disso, procuro apresentar uma explicação que leve em conta o caráter processual dessas mudanças e a necessidade de compreender o ponto de vista dos sujeitos envolvidos. O corpus desta pesquisa foi construído a partir de observação participante em um grupo de proteção animal atuante na cidade de Recife (PE), entrevistas e uma extensa pesquisa documental em jornais, revistas, legislação, manuais técnicos e material de grupos de proteção animal. A análise dos dados aqui reunidos foi feita a partir da teoria da figuração (ELIAS, 1993. 1994, 1997, 2011) a partir da qual foi possível perceber a emergência do que denomino sensibilidade de empatia interespécie. Esta sensibilidade é caracterizada pelo reconhecimento da senciência de algumas espécies animais e sua classificação como seres moralmente relevantes. A partir desse aporte, realizo uma análise da experiência moral das relações com esses animais de estimação, tanto em situações relativas aos espaços públicos quanto na vida privada, destacando o caráter descontínuo, ambíguo e conflituoso de tal processo. Se, por um lado, os imperativos morais tornam-se mais exigentes, por outro lado, a admissão dos cães e gatos no convívio civilizado é condicionada a procedimentos que pretendem suprimir a animalidade de seus corpos e comportamentos.