O ethos discursivo num contexto de mudança na gestão pública estadual: entre resistências e interincompreensões

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: DURANTE, Juliana Cáu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/15374
Resumo: O presente trabalho teve por finalidade investigar qual o ethos discursivo construído pelos servidores no contexto da nova governança pública do Estado de Pernambuco, que estão envolvidos direta ou indiretamente no processo de mudança do novo Modelo Integrado de Gestão (MIG) do atual Governo do "Estado", entre eles: a) Servidores que compõem a nova carreira de Analista em Gestão Administrativa (AGAD) e b) Servidores não ocupantes da nova carreira e que já constituíam o quadro de pessoal do estado de forma a analisar, a maneira com que estes atores se veem e como são vistos pelo Outro nesta dinâmica relacional, de modo a analisar a pluralidade presente nos diferentes ethé discursivos e interpretar a interincompreensão constitutiva entre os discursos, assim como o processo de resistência daí advindo, entendendo resistência como o Outro do discurso que não pode ser dito, o interdito, a recusa do discurso. E foi com o objetivo de promover uma mudança na gestão pública estadual que o governo do estado de Pernambuco (2007-2014), objetivando o recompletamento do quadro de servidores efetivos e sua valorização, assim como a ocupação de lugares estratégicos que viessem a consolidar esta nova política de gestão governamental, criou a carreira de analista em gestão administrativa (AGAD), com a ideia de difundir na cultura estratégica do estado este novo Modelo de Gestão, sustentado por uma nova concepção de gerir a máquina pública. Foram aqui analisados os "depoimentos" de doze servidores que compõem o qua o quadro de pessoal da secretaria de administração do estado, sendo seis ocupantes da nova carreira e seis não ocupantes. Os corpora foram descritos, analisados qualitativamente e interpretados a luz dos pressupostos teórico-metodológicos provenientes: a) da análise do discurso de Dominique Maingueneau (1993, 2004, 2005), especialmente no que tange aos conceitos por ele elaborados de ethos discursivo e interincompreensão recíproca, tangenciados pelos conceitos de alteridade, heterogeneidade, interdiscurso, memória, universo, campos e espaços discursivos; e b) da leitura psicossociológica do fenômeno organizacional de Eugene Enriquez (1979; 1997; 2007) e Max Pagés (et al, 1987) transversalizada por uma escuta e análise psicanalítica dos discursos proferidos (FREUD, 1913; 1914; 1915; 1919; 1920; 1921, entre outros), onde tanto conceitos como sistemas cultural, simbólico e imaginário apresentam relevância ao entendimento da organização quanto as instâncias mítica, social-histórica, grupal, individual, institucional, organizacional e pulsional (ENRIQUEZ, 2007) ganham destaque, especialmente esta última, onde a ideia de trabalho se relaciona fortemente aos conceitos de poder, amor e morte, noções que serviram de alicerce à compreensão dos movimentos ocultos ou manifestos da análise da resistência no contexto de mudança da gestão pública estadual. Os resultados puderam sugerir que o ethos discursivo do "novo" e do "antigo" servidor foi construído entre deslizamentos de sentidos e mal entendidos, abrindo a distância entre ethos visado e ethos produzido, entrecruzando desde ethos de legitimidade, pertencimento e antiguidade; até ethos de superioridade, honestidade e descrença. A expressão da resistência, oculta ou manifesta nos discursos, entre hesitações, contradições e reticências, foi marcada e transversalizada por forças antagônicas de construção e destruição frente ao novo, enquanto representação da diferença em si.