Mortalidade materna e doenças cardiovasculares em Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: LIMA, Andréa Karla Alves de
Orientador(a): ALVES, Sandra Valongueiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude Coletiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41081
Resumo: A mortalidade materna é uma violação dos direitos humanos das mulheres e um importante indicador da qualidade de vida de uma população. Apesar da redução da razão da mortalidade materna (RMM) no Brasil nas últimas décadas, esta se mantém elevada quando comparada aos países desenvolvidos. Ao mesmo tempo, no estado de Pernambuco observa-se crescimento do número de mortes maternas por doenças cardiovasculares. O estudo analisou as mortes maternas de mulheres residentes em Pernambuco, tendo como foco as doenças cardiovasculares, nos triênios 2004 a 2006 e 2014 a 2016. Trata-se de um estudo descritivo dos óbitos maternos por doenças cardiovasculares de mulheres residentes no estado, para os referidos períodos, tendo como fontes o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM-Web) e Fichas de Investigação de Morte Materna, disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde/PE. Foram registrados 635 óbitos maternos nos dois triênios (RMM de 72,1/100.000 nascidos vivos), sendo 67 (10,5%) decorrentes de doenças cardiovasculares. A maior parte dos óbitos ocorreu em mulheres negras (77,6%), com idade entre 30 e 39 anos (42%), com até 7 anos de estudo (61,2%), solteiras/sem companheiro (56,7%), que tiveram quatro ou mais gestações (41,8%). Houve acompanhamento pré-natal em 80,6% dos casos e quase metade realizou seis ou mais consultas. Morbidades prévias foram relatadas para 48,1% delas e 50% fizeram pré-natal de alto risco. Aproximadamente 72% dos partos ocorreram em hospitais ou outras instituições de saúde e metade deles foi por cesariana. A maior parte das mulheres residia na I Macrorregião de Saúde e os óbitos também se concentraram nessa macrorregião. Os óbitos ocorreram principalmente no puerpério precoce (40,3%) e 85% foram classificados como evitáveis ou provavelmente evitáveis. Os encaminhamentos para necropsia ocorreram com maior frequência no segundo triênio (52,8%) e a principal causa básica de óbito foram as “doenças do aparelho circulatório complicando a gravidez, parto e puerpério” (CID 10R – O99.4) (56,7%), tendo como causas associadas (terminais e intermediárias) edema pulmonar, hipertensão essencial preexistente e infarto agudo do miocárdio. Ao se incluir causas associadas, houve incremento de óbitos por DCV de 23,9%. Os achados revelam mudança na distribuição das causas maternas e ligeiro aumento da idade materna ao morrer; expõe a necessidade de analisar todas as causas de óbito, além da causa básica; reforça a necessidade de priorização de políticas públicas para esse novo perfil de mortalidade materna e reafirma a importância do controle social, considerando que a maioria poderia ter sido evitada.