Arcabouço crustal e condições P-T do metamorfismo no terreno Alto Pajeú, NE do Brasil : implicações para a evolução neoproterozoica da Província Borborema
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Geociencias |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/50841 |
Resumo: | A Província Borborema, NE do Brasil, é um segmento crustal neoproterozoico que exibe padrões complexos de deformação, metamorfismo e magmatismo. Seu desenvolvimento está relacionado à Orogênese Brasiliana/Pan-Africana, no contexto da construção de Gondwana Ocidental. Esta pesquisa objetiva elucidar a evolução estrutural e metamórfica do terreno Alto Pajeú, subprovíncia Transversal, estabelecendo suas implicações tectônicas para a configuração da Província Borborema. Combina análise geofísica-estrutural a um estudo petrológico de detalhe, para caracterização do arcabouço crustal do terreno e das condições do metamorfismo de rochas básicas em seu interior. O terreno Alto Pajeú é recortado por zonas de cisalhamento transcorrentes que correspondem a lineamentos geofísicos expressivos. Foliações miloníticas de alto ângulo compõem feições subordinadas, associadas, em campo, a lineações de estiramento mineral sub-horizontais. Indicadores cinemáticos atribuem sentido de movimento sinistral e dextral, respectivamente, para estruturas de direção NE-SW e E-W. Contrastes geofísicos significativos são verificados entre este terreno e domínios adjacentes. Uma foliação reliquiar de ângulo baixo relacionada a empurrões é reconhecida em escala de afloramento. A tectônica transcorrente caracteriza o estágio tardio da Orogênese Brasiliana na região (ca. 575 Ma). Por sua vez, a petrologia de granada anfibolitos no complexo São Caetano revela pelo menos dois estágios de metamorfismo. A rocha é porfiroblástica, com cristais de granada sub-centimétricos imersos em matriz de granulação fina a média. A paragênese A1 (Grt + Ep + Bt + Amp + Ttn + Rt ± Ilm + Qz) marca o pico de pressão, enquanto a assembleia A2 (sem rutilo) é indicativa de grau relativamente mais baixo. Domínios de desestabilização dos porfiroblastos são ocupados por agregados de biotita, epidoto, plagioclásio, anfibólio, quartzo e ilmenita. A zonação química da granada é evidente em mapas composicionais e análises pontuais por microssonda eletrônica: núcleos ricos em Mn e bordas com teor de Fe relativamente mais altos refletem crescimento em múltiplos estágios. Análises litogeoquímicas indicam composição basáltica para o protólito, com padrões de distribuição de elementos traço e terras raras semelhantes aos de basaltos de ilha oceânica. Estimativas termobarométricas para o metamorfismo foram obtidas via métodos convencionais, modelagem de equilíbrio de fases (sistema NCKFMASHTO) e geobarometria elástica. Indicam ápice de pressão a 11 Kbar, ca. 620-650 °C, no campo de estabilidade da assembleia A1. A paragênese posterior (A2) se desenvolveu em condições de grau mais baixo, correspondente ao intervalo entre 8,5 e 7,5 Kbar, a 590-630 °C. Caracterizam metamorfismo de pressão moderada e alta temperatura (MP/HT). Se constrói uma trajetória P-T de sentido horário, interpretada como registro de processos orogênicos de acreção a colisão continental: o pico de pressão reflete espessamento crustal, a que se segue uma tendência de descompressão sub-isotérmica (colapso e exumação do orógeno). Em conjunto, os dados discutidos nesse trabalho embasam a interpretação de um modelo evolutivo para a Orogênese Brasiliana na região do terreno Alto Pajeú. Seu estágio inicial é associado a um contexto orogênico acrescionário-a-colisional, registrado por extensivo magmatismo de arco e metamorfismo de pressão moderada. É seguido pela instalação do regime transcorrente de larga escala, em um possível cenário de tectônica de escape lateral. |