Desenvolvimento e governança ambiental: em busca de uma outra práxis na dinâmica territorial da “reserva” do Paiva – PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: PONTES, Bruno Augusto Nogueira Monteiro
Orientador(a): CASTILHO, Claudio Jorge Moura de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25311
Resumo: A abordagem de temáticas presentes em discursos e práticas que transformam o ambiente se deu no intento de denudar algumas intencionalidades relacionadas ao desenvolvimento, à governança ambiental, à sustentabilidade, trazendo à reflexão propostas de leitura de uma realidade dialética e complexa. O ambiente da praia do Paiva, situado no município do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife (RMR), é composto por uma diversidade de elementos naturais, estuário, manguezal, restinga, recife de corais e resquícios de Mata Atlântica, numa área de conexão entre a RMR e o Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS). Não obstante, este ambiente tem sido submetido à transformações que se dão em favor da dinamização econômica, resultado da consolidação do megaempreendimento Reserva do Paiva, em 2007, um “bairro planejado” privativo, de luxo. As novas dinâmicas neste território têm revelado como o megaempreendimento contraditoriamente vem sendo tecido sob o amparo de uma retórica desenvolvimentista, sustentável, travestido da legalidade conferida pelos atores públicos, para apaziguar possíveis conflitos. Sendo assim, embora analisada uma realidade local, as apreciações aqui refletem verticalidades que preponderam nas intervenções urbanas, ou seja, traduzem sistemas de ações, fluxos que compõem uma práxis ligada à lógica da competitividade global e do consumo do espaço, que subvertem o pretenso equilíbrio na relação entre sociedade e natureza. Hipotetizamos que vimos erigindo ambientes cada vez mais fragmentados, excludentes e exclusivistas, tornando ainda mais tênue nossas liberdades. Porque, a dinâmica de reprodução do espaço tem reforçado uma lógica de consumo alienado, aprisionador. As análises consideraram, então, a apropriação privada da natureza e a instrumentalização do ambiente para acumulação de excedentes financeiros. Destarte, para construção da pesquisa assumimos uma postura metodológica dialética, e, ao mesmo tempo, dialógica, na tentativa de atribuir um movimento reflexivo, já que a temática conduz às contradições. Orientamo-nos pelas linhas de investigação do quadro teórico-conceitual e estudo empírico, utilizando, em certa medida, abordagens regressivo-progressivas para melhor analisar a complexidade dos processos e a coexistência de temporalidades. Isto, com o objetivo de desconstruir a fábula do desenvolvimento conexo à governança ambiental através da análise crítica de suas perspectivas conceituais e práticas, adotadas para dinamizar o território da praia do Paiva, tendo como base o direito a cidades saudáveis, socialmente justas. Deste modo, arrazoa-se que a praia do Paiva é mais um dentre tantos territórios integrados a uma teia de ambientes que mais des-envolvem do que o contrário. O que faz emergir contradições e aclara intencionalidades nos discursos de desenvolvimento, governança, sustentabilidade. Elucidam-se casos similares ao da praia do Paiva para demonstrar a interescalaridade entre as ações local; nacional – Jurerê Internacional, SC e Riviera São Lourenço, SP; e internacional – Colony Park, Argentina. Para ilustrar os conflitos de interesses, inerentes aos processos de (re)configuração dos territórios para dinamização econômica, apresentamos o caso da Festa da Lavadeira. Por fim, fica evidente a práxis posta, responsável por recrudescer os conflitos no ambiente. Logo, se propõe uma outra práxis considerando as complexas inter-relações socioambientais, apontando possibilidades para ações ligadas a posturas éticas e morais novas, no sentido de uma racionalidade ambiental.