Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
de ALbuquerque da Costa Lins Menelau, Thais |
Orientador(a): |
Isabel Patricio de Carvalho Pedrosa, Maria |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8347
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Resumo: |
Este trabalho buscou examinar interações de crianças que convivem em situação transitória de abrigo, observando-as em suas brincadeiras espontâneas, e inferir relações de vínculos afetivos que pudessem existir entre elas. Partiu da concepção de que no abrigo ocorrem fenômenos interacionais, tanto quanto em outros contextos de convivência, e que a criança busca ativamente relações afetivas com os parceiros disponíveis. Autores de referência na literatura psicológica, nesta área, como Bowlby e Spitz, admitem que as primeiras relações entre a criança e o cuidador, normalmente a mãe, são fundamentais para um adequado desenvolvimento psicológico, sobretudo a capacidade posterior da criança para estabelecer vínculos. Bowlby caracterizou essa vinculação inicial entre a mãe e o bebê e a chamou de sistema de apego. Ademais, esses dois autores chamaram a atenção sobre os prejuízos ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e social da criança, se o seu cuidado fosse incumbido a diversos adultos. Por outro lado, os estudos de Carvalho adotam a perspectiva de que o vínculo é um processo inferido a partir das relações entre indivíduos, caracterizando-se como uma relação preferencial de um parceiro por outro, mediada pelo afeto, e com o qual constrói compartilhamentos, que por sua vez o alimentam. Apoiando-se nesta perspectiva, levaram-se a cabo várias sessões de observação, de vinte e uma crianças, com idades entre um e quatro anos, brincando livremente no pátio ou sala do abrigo. As observações foram registradas em vídeo e, em seguida, recortadas em segmentos, chamados de episódios, que pareceram mais produtivos de ser analisados em detalhes que permitissem alçar os próprios objetivos das crianças ao brincarem, os significados que construíam com os parceiros, as estratégias usadas para compartilharem e manterem suas brincadeiras e, ainda, perscrutar possíveis relações de vínculos existentes entre elas. Foram identificadas diversas estratégias, plausíveis de serem agrupadas de acordo com três grandes propósitos da criança: 1) construir e compartilhar uma brincadeira com o parceiro; 2) proteger e confortar outra criança; e 3) conseguir um objeto de seu interesse para o brincar. Oito episódios foram descritos, com algum grau de detalhamento, a fim de discutir a pertinência de indicadores para a inferência de vínculos entre parceiros. Os resultados evidenciaram que as crianças, vivendo há um bom tempo na instituição, em média, vinte e quatro meses, revelam-se ativas no seu próprio desenvolvimento. Muito embora exista rotatividade de cuidadores, a criança busca seu parceiro como apoio e suporte, bem como compartilha com ele sentimentos positivos ou negativos. O padrão de comportamentos encontrado em algumas crianças possibilita a inferência de vínculos, contrariando uma concepção corrente de que elas, quando afastadas do convívio familiar, não são capazes de estabelecer relações significativas com outros. Esse padrão inclui: a orientação preferencial do parceiro; o envolvimento do parceiro em suas atividades ou seu próprio envolvimento na atividade do parceiro; o conforto ou proteção do parceiro em decorrência de episódios agonísticos com outrem; e, por fim, a busca de proximidade física. O tema vinculação entre crianças merece ser explorado em contextos de abrigo ou em outros contextos de desenvolvimento, de modo que possam ser aprofundas questões como: caracterização do vínculo como uma relação não-simétrica; aspectos desencadeadores e mediadores do vínculo; tipos de vinculação possíveis; e outras questões. Finalmente, conclui-se que a brincadeira é um lugar ecologicamente relevante para se estudar interações de crianças, bem como passível de se inferir o vínculo de uma criança por outra |