Estudantes cegos interpretando gráficos : relações entre aspectos visuais e conceituais e adequações para o ensino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SILVA, Mayra Darly da
Orientador(a): CARVALHO, Liliane Maria Teixeira Lima de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao Matematica e Tecnologica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/54184
Resumo: O objetivo geral desta tese é analisar desafios e possibilidades para estudante(s) cego(s) estabelecer(em) relações entre aspectos visuais e conceituais na interpretação de gráficos na perspectiva do Letramento Estatístico. Em termos específicos busca-se: investigar desafios e possibilidades na adequação de gráficos estatísticos para o trabalho com alunos cegos a partir do contexto do Instituto Benjamin Constant (IBC); identificar e analisar tarefas envolvendo gráficos que favorecem o estabelecimento de relações entre aspectos visuais e conceituais na perspectiva do Letramento Estatístico em livros didáticos dos anos finais em tinta e adaptados; caracterizar o contexto educacional em relação ao atendimento das necessidades educacionais de um aluno cego; e analisar como o aluno cego estabelece relações entre aspectos visuais e conceituais ao trabalhar com gráficos na perspectiva do Letramento Estatístico. A pesquisa, de cunho qualitativo, iniciou com uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) e mais quatro etapas, incluindo pesquisa documental e empírica, alinhadas aos objetivos específicos. A RSL evidenciou serem escassas teses e dissertações nacionais sobre o ensino e a aprendizagem de estatística para estudantes cegos. Em âmbito internacional destacam-se artigos que avaliam de forma técnica alguns recursos destinados à leitura e interpretação de gráficos por estudantes/pessoas cegas, mas sem enfatizar a importância dos contextos das atividades e questionamentos críticos. Na etapa 1 realizou-se entrevista semiestruturada com um professor do Instituto Benjamim Constant cujos resultados agregaram informações importantes para o trabalho com gráficos com estudantes cegos. Na etapa 2 realizou-se mapeamento e análise de tarefas sobre gráficos em coleções de livros didáticos dos anos finais, em tinta e adaptados em braille. Identificou-se, também, algumas tarefas sobre gráficos estatísticos para compor a entrevista com o estudante cego. Na escola campo de pesquisa, identificada na etapa 3, realizou-se os seguintes procedimentos metodológicos: análise do Projeto Político Pedagógico, entrevista semiestruturada com a gestora escolar, sondagem com a profissional da sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e estabelecimento de contato inicial com o estudante cego e sua genitora. O estudante cego, chamado ficticiamente José, não domina o braille e não teve acesso à educação durante a pandemia (em 2020 e 2021). A sondagem com a profissional do AEE foi crucial para adaptar as tarefas tornando-as acessíveis para as intervenções realizadas com José. Por fim, na etapa 4 foi realizada entrevista semiestruturada com José, utilizando tarefas identificadas na etapa 2 devido ao potencial delas para o alcance dos objetivos propostos no estudo. A leitura e interpretação do gráfico por José se deu em função da sua compreensão, sobretudo, dos elementos do conhecimento (contexto, escala unitária e representação) e da linguagem envolvendo aspectos conceituais dos gráficos. As mediações da pesquisadora durante as intervenções foram fundamentais para mobilizar compreensões do estudante. Concluímos que para que o estudante cego estabelecesse relações entre aspectos visuais e conceituais a partir de gráficos, na perspectiva do Letramento Estatístico, foram necessárias adaptações e adequações que consideraram sua subjetividade, utilizando tarefas que possibilitaram articulações entre dimensões cognitivas e disposicionais e processos de mediação sistematizados.