Da natureza da animação à animação da natureza: discursos ambientais nas “Enviro-toons” brasileiras veiculadas nos festivais Fica, Festcineamazônia e Filmambiente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: CERQUEIRA, Jean Fábio Borba
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Comunicacao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18554
Resumo: Neste trabalho analisamos as representações dos discursos ambientais em animações brasileiras veiculadas em três dos mais relevantes festivais internacionais realizados no país e com foco no audiovisual ambiental: Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), Festival Latino Americano de Cinema Ambiental (FestCineAmazônia) e Festival Internacional do Audiovisual Ambiental (Filmambiente). Considerando que no cinema de animação as questões ambientais ganharam maior atenção a partir do final do anos 1990, quando essa temática passou a ser representada de forma mais intensa em produções comerciais hollywoodianas, e com mais vigor na vertente autoral e independente, entendemos que a animação comporta, no seu conjunto, uma diversidade de discursos e de problemáticas ambientais, compondo filmes que representam as relações entre homem e natureza, cujas abordagens mais críticas foram convencionalmente chamadas de enviro-toons. Contudo, diante da polissemia do termo natureza, da complexidade e multidimensionalidade das questões ambientais e da diversidade de discursos acerca do ambiente, sustentamos a tese de que predomina nas animações uma representação significativa dos discursos orientada para a perspectiva hegemônica do meio ambiente, antropocêntrica e reformista, de acomodação ao capitalismo industrial globalizado. A análise das 40 animações do corpus, veiculadas nas edições dos festivais realizadas no período compreendido entre 1999 a 2014, reforça a hipótese aqui defendida. Pois apesar de revelar a emergência de uma animação ambiental brasileira caracterizada por uma diversidade técnica, estética, temática e autoral, torna evidente que as representações dos discursos ambientais valorizam histórias em que as relações homem/ambiente são desenvolvidas sem problematizações consistentes. Sendo predominantemente limitadas a responsabilizar o indivíduo, sem atribuir maiores responsabilidades à estrutura social. Por outro lado, observamos que as limitações discursivas observadas nesse corpus revelam a animação ambiental brasileira em sua capacidade de refratar e refletir as contradições e disputas que caracterizam o debate ambiental no contexto nacional. Fundamentalmente, a pesquisa adotou como suporte teórico os estudos de Rousseau, Descartes e Heidegger sobre a natureza, ambos no campo da filosofia, de Goldblatt, Dunlap e Hannigan sobre as causas estruturais da problemática ambiental, ambos no campo da sociologia ambiental, de Corbett, Hansen e Cox acerca das singularidades da comunicação ambiental, dos trabalhos de Ingram, MacDonald e Ivakhiv sobre o cinema ambiental, os estudos de Murray e Heumann, Starosielski, Whitley e Wells sobre a animação e o meio ambiente, além dos estudos de Dryzek e Corbett sobre os discursos ambientais, e de Fairclough e Maingueneau, acerca da constituição, circulação, poder e ideologia nos discursos.