Qualidade e decomposição de materiais orgânicos presentes em propriedades rurais do semi-árido

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: ALVES, Romildo Nicolau
Orientador(a): MENEZES, Rômulo Simões Cezar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
N
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9451
Resumo: Os pequenos produtores agrícolas da região semi-árida do Nordeste do Brasil em sua maioria não utilizam fertilizantes minerais. A fertilização de suas culturas é proveniente basicamente da mineralização da matéria orgânica do solo ou, em alguns casos, da aplicação de estercos (bovino e caprino). Entretanto, os estercos produzidos no semi-árido nordestino são geralmente de baixa qualidade, causando imobilização de nutrientes na fase inicial de decomposição. Estudos recentes têm mostrado que a poda de árvores pode ser uma alternativa de fertilização, quando aplicada como adubo verde. Porém, o processo de decomposição está condicionado a diversos fatores, como a qualidade do material orgânico, definida principalmente pelos teores de nitrogênio (N), lignina (L) e polifenóis (PP), e também outros fatores ambientais e de manejo, como a temperatura, umidade e forma de aplicação do material no solo. A presente pesquisa foi dividida em três trabalhos e teve como objetivo geral avaliar as inter relações entre a qualidade e o manejo de diferentes espécies vegetais presentes em propriedades rurais no semi-árido sobre a mineralização de N após a incorporação desses materiais ao solo para a adubação de culturas agrícolas. No primeiro estudo, 24 espécies vegetais foram coletadas e analisadas quanto aos teores de N, lignina e polifenóis. Os materiais foram incorporados em um Neossolo Regolítico e incubados durante 28 dias, sendo determinada a mineralização de N ao longo desse período. Os teores e suas relações (L/N, PP/N e L+PP/N) foram usados em uma análise de componentes principais, agrupando-se os materiais de acordo com suas similaridades. Os grupos formados foram relacionados com o N mineralizado após 28 dias de incubação. Quatro grupos foram formados, porém apenas um grupo apresentou comportamento coerente, ou seja, os materiais deste grupo imobilizaram N devido os baixos teores de N e elevados de PP. Baixos coeficientes de correlações foram verificados entre o N mineralizado e as variáveis de qualidade, tanto aos 3 quanto aos 28 dias. Algumas espécies vegetais, após 28 dias de incubação, apresentaram elevada mineralização, enquanto outras imobilizaram N do solo, mas não foi possível predizer a mineralização de N com base na qualidade dos materiais testados. Devido à falta de clareza nos resultados do primeiro experimento, o segundo trabalho teve como objetivo avaliar a metodologia de incubação de solo adotada, principalmente para verificar as inter relações entre tamanho de fragmentação, qualidade e mineralização de N dos materiais vegetais utilizados nos ensaios. Para isto, materiais vegetais de diferentes qualidades foram fracionados em diferentes tamanhos (1 e 5 mm) e incubados em um Neossolo Regolítico para posterior quantificação do N mineralizado. Durante o período de incubação, o N mineralizado foi determinado aos 3, 7, 14 e 28 dias e as equações de regressões foram ajustadas. Os materiais com elevados teores de N e baixos de L e PP mineralizaram durante todo período de incubação, independente do tamanho em que os materiais foram fracionados. Alguns materiais, quando incorporados em tamanho menor (1 mm) apresentaram maior imobilização de N. De maneira geral, concluiu-se que o tamanho das partículas influiu na intensidade mas não alterou a direção dos processos de mineralização ou imobilização durante as incubações, independente da qualidade dos materiais vegetais. O terceiro trabalho foi desenvolvido em campo, na região do Cariri paraibano, na cidade de Taperoá. Este teve como objetivo avaliar a forma de aplicação (incorporado ou em superfície) de materiais vegetais de diferentes qualidades sobre a disponibilidade de água e de N mineral no solo e sobre a produtividade de biomassa e grãos pelo milho. O delineamento experimental utilizado foi em bloco inteiramente ao acaso, com os tratamentos arranjados em fatorial 4x2, sendo quatro fontes orgânicas (G. sepium, Croton sonderianus, esterco bovino de curral e controle) e duas formas de aplicação (em superfície e incorporada). O experimento foi conduzido por dois anos, 2007 e 2008. Foram aplicadas doses de 15 t ha-1 de matéria fresca dos materiais orgânicos. A gliricídia, que correspondeu ao material de alta qualidade (elevado teor de N e baixos teores de L e PP), quando incorporada ao solo decompôs-se mais rapidamente do que quando colocada em superfície. O marmeleiro, provavelmente devido os maiores teores de PP, quando aplicado em superfície, conservou por um maior período de tempo a água no solo, em 2008. Em geral, ao analisarem-se os resultados da mineralização de N e da produção de matéria seca pelo milho, sugerem-se estudos adicionais para avaliar a hipótese de que a aplicação dos materiais orgânicos de forma parcelada poderia aumentar a produtividade das culturas agrícolas na região onde foi conduzido o presente trabalho. nos dois anos em que o estudo foi conduzido em campo