Programação por desnutrição precoce: estudo em modelo animal de distúrbio alimentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: FECHINE, Madge Farias
Orientador(a): SOUZA, Sandra Lopes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8146
Resumo: A ocorrência de eventos adversos no início da vida favorece adaptações orgânicas e o surgimento de doenças metabólicas na vida adulta. Esses eventos indicam que o organismo foi capaz de se adaptar e programar seu metabolismo para sua sobrevivência. A desnutrição perinatal pode programar o controle do comportamento alimentar e predispor os indivíduos a patologias associadas ao desequilíbrio do balanço energético. Dessa maneira, o presente estudo tem como objetivo analisar a vulnerabilidade ao desenvolvimento de compulsão alimentar na vida adulta em organismos que foram desnutridos durante o período perinatal. Foram utilizadas ratas da linhagem Wistar submetidas à desnutrição protéica durante o período de gestação e lactação. Foi utilizado modelo animal de compulsão alimentar constituído por três ciclos consecutivos de restrição alimentar (40%) e realimentação (com acesso limitado à dieta hipercalórica). Foram formados os grupos: Controle (C) e controle restrito (CR), desnutrido (D) e desnutrido restrito (DR). O protocolo foi aplicado aos 52 dias de vida. Ao final dos três ciclos de restrição/realimentação foi realizado teste alimentar com aferição de ingestão de dieta hipercalórica 1, 2, 4, 6 e 24 horas após sua oferta. Quando os animais desnutridos entraram em contato com a dieta hipercalórica, no primeiro ciclo, apresentaram maior (p<0,05) ingestão de calorias (22,1±3,1) comparada aos controles (11,9±3,8). Os animais com histórico de desnutrição perinatal apresentaram maior percentual de perda de peso corporal nos períodos de restrição do segundo (CR -10,2±2,2; DR -12,2±1,4) e do terceiro (CR -10,6±1,5; DR -12,2±1,3) ciclo R-R. Durante os períodos de realimentação, houve um maior ganho de peso no segundo (CR 17,9±2,3; DR 21,2±3,2) e no terceiro (CR 15,2±2,4; DR 20,6±3,2) ciclo R-R. O grupo DR apresentou maior consumo de dieta hipercalórica após 2hs (D:18,9±2,7; DR:26,2±5,1), 4hs (D:25,4±2,8; DR:33.8±6,3), 6hs (D:30,7±2,9; DR:38,2±5,3) e 24hs (D:56,9±6,8; DR:68,4±8,4) após sua oferta. O grupo CR apresentou aumento apenas após 2hs (C: 21,1±1,8;CR: 25,8±4,2) e 24hs (C: 52,7±3,5;CR: 61,3±6,4). Partindo da hipótese que a desnutrição perinatal pode ser um fator predisponente ao surgimento de distúrbios alimentares, nossos resultados podem confirmar essa relação particularmente em relação à compulsão alimentar. Com o modelo experimental utilizado podemos demonstrar que a desnutrição perinatal programa o organismo para adaptações mais intensas à utilização e aquisição de energia frente a episódios de restrição alimentar. Quando esses episódios são recorrentes e intermediados por períodos de realimentação poderão conduzir o organismo ao desenvolvimento de um quadro patológico de compulsão alimentar