Identificando depressão maior entre pessoas com epilepsia atendidas em serviços terciários

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: NASCIMENTO, Pedro Paulo Gomes do
Orientador(a): VALENÇA, Luciana Patrizia Alves de Andrade
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Neuropsiquiatria e Ciencia do Comportamento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29943
Resumo: A depressão frequentemente está associada à epilepsia, provavelmente compartilhando mecanismos fisiopatológicos e influenciada por fatores ambientais. Porém, o diagnóstico e tratamento costumam ser negligenciados por variados motivos desde uma apresentação atípica dos sintomas até mesmo pela falta de acesso a serviços especializados. Assim, faz-se necessário buscar um modelo que alie uma boa eficácia de rastreio com as peculiaridades socioculturais da população. O objetivo destre trabalho é mensurar a frequência de depressão entre pessoas com epilepsia - PCE, suas características clínicas e fatores associados a partir de um método misto. Trata-se de um estudo transversal misto de uma amostra consecutiva de pacientes atendidos em ambulatórios terciários de epilepsia. Dados sociodemográficos e clínicos foram coletados, seguidos de uma entrevista semiestruturada e aplicação das versões validadas do Quality of Life in Epilepsy (QOLIE-31), Morisky Medication Adherence Scale (MMSA), Liverpool Adverse Events Profile (LAEP), Mini International Neuropsychiatric Inventory (MINI), o Inventário de Depressão em Transtornos Neurológicos para a Epilepsia (IDTN-E) e a escala de depressão de Hamilton (HAM-D 17). Avaliaram-se 73 pacientes, idade média 36,92 anos (DP: 13,94) e 45 mulheres (61,64%). Destes, 33 foram diagnosticados com depressão pelo MINI (45,2%). Sexo feminino (p< 0,02), politerapia (p< 0,021), maiores escores no LAEP (p<0,001) correlacionaramse com depressão. Controle de crises foi um fator de proteção (p< 0,009). Piores escores de qualidade de vida pelo QOLIE-31 (p< 0,0001) foram observados entre os deprimidos. O IDTN- E e o HAM-D tiveram áreas sob a curva de 0,849 e 0,889 respectivamente. Observou-se o padrão clínico clássico, porém com atenuação dos sintomas somáticos e predomínio de ansiedade, retardo psicomotor e humor deprimido. Qualitativamente, as PCE relatam impacto do estigma em suas atividades, porém os depressivos tenderam a ter uma autopercepção distorcida, maior dependência interpessoal e serem negligentes com cuidados corporais. A depressão é prevalente entre PCE, sendo provavelmente relacionada à confluência de fatores clínicos, cognitivos-comportamentais e ambientais, resultando em prejuízo da qualidade de vida. O IDTN-E e a HAM-D são bons instrumentos de rastreio, devendo ser empregados em ambulatórios de epilepsia para possibilitar abordagem precoce da depressão.