Gestantes e o uso de repelentes tópicos e outras medidas de proteção contra mosquitos durante a epidemia de Zika em Pernambuco, Brasil
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Biologia Aplicada a Saude |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34642 |
Resumo: | O uso de repelentes tópicos e de outras medidas de proteção contra mosquitos na gravidez foi fortemente recomendado após a descoberta do envolvimento do vírus Zika (ZIKV) com certas malformações congênitas. Nesse contexto, o estado de Pernambuco teve um papel fundamental pois foi o epicentro dos principais estudos que sugeriram a teratogenicidade do ZIKV e um dos mais afetados na epidemia brasileira de 2015-2016. Assim, este trabalho visou analisar a utilização de repelentes em gestantes e outras medidas de proteção durante epidemia pernambucana de ZIKV, sendo as participantes comparadas pelas unidades de saúde em que eram acompanhadas, se pertencentes ao sistema público ou privado. Este consistiu de três abordagens epidemiológicas: I) estudo descritivo sobre as medidas de proteção contra mosquitos usadas na gravidez; II) estudo analítico transversal cujo desfecho foi a utilização de repelentes por gestantes; e III) estudo descritivo sobre as condições de uso de repelentes na gravidez. Os dados foram coletados através da entrevista de 539 voluntárias atendidas para consulta obstétrica ou realização de exames, entre julho-dezembro/2016, em cinco unidades de saúde selecionadas em Recife/PE. A utilização das medidas de proteção na gestação foi uma prática comum às participantes durante a epidemia de ZIKV, entretanto, nem todos os métodos adotados eram eficientes ou seguros. As entrevistadas no SUS foram as mais vulneráveis aos mosquitos por residirem em ambientes cujas condições favoreciam a manutenção destes insetos e por terem utilizado uma menor quantidade de métodos de proteção e uma maior porcentagem de medidas pouco eficientes ou danosas à saúde. Tais constatações contribuem para alertar aos profissionais de saúde prenatalistas e às equipes do Programa de Saúde da Família sobre a importância da transmissão de informação direcionadas às gestantes de baixa renda. Isso poderá ajudá-las a escolher medidas de proteção mais eficientes, seguras e apropriadas que se adequem às suas possibilidades financeiras. Adicionalmente, a utilização de repelentes pelas participantes dependeu de questões socioeconômicas (sendo associada às gestantes com melhores níveis econômicos e maiores escolaridades). Já os ambientes das residências e circunvizinhanças propícios aos mosquitos não pareceram infuenciar o uso destes químicos (os repelentes foram associados às grávidas com domicílios menos favoráveis aos insetos e não houve associação às características peridomiciliares). Assim, a ampla divulgação pública sobre a importância da adoção de repelentes durante a epidemia pernambucana não foi capaz de alcançar de maneira a sensibilizar, convencer ou ser viável às gestantes mais vulneráveis entrevistadas. Neste sentido são necessárias políticas públicas direcionadas a ações coletivas e intervenções voltadas às questões de saúde, educação e saneamento dos grupos sociais mais carentes e sua corresponsabilidade, em detrimento de transferir para a população a obrigação de reduzir a exposição a mosquitos através de atitudes individuais. Em relação às condições de uso de repelentes na gravidez, verificamos ainda que em quase todas as situações as participantes do SUS utilizaram tais produtos de maneira menos segura ou que proporcionasse uma menor eficiência dos compostos ativos. Isso também alerta para a demanda por orientações mais detalhadas e precisas por parte dos profissionais prenatalistas que acompanham as gestantes. |