Invisibilidade no verde dos canaviais: trabalho, migração e saúde mental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: COSTA, Polyana Felipe Ferreira da
Orientador(a): SANTOS, Laurentino dos Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude Coletiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17171
Resumo: O agronegócio canavieiro no Brasil vem se destacando no cenário econômico nacional e internacional como um modelo de desenvolvimento gerador de energia limpa e renovável. Entretanto, o seu desenvolvimento é contraditório. Pois, ao mesmo tempo em que permite a introdução de novas tecnologias, escamoteia condições e relações de trabalho precárias, bem como a destruição ambiental. A proposta desta dissertação é desvelar os mitos construídos em torno do “desenvolvimento” do agronegócio canavieiro, bem como os reflexos da mecanização na saúde mental dos trabalhadores-migrantes. Foi realizada uma análise criteriosa da literatura, aplicação do questionário Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), observação participante e entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores-migrantes do sertão paraibano e pernambucano que laboram na colheita manual da cana-de-açúcar, na Usina Santa Isabel, localizada na região de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo. Os resultados mostram a (in) sustentabilidade do agronegócio canavieiro, uma vez que tal produção é fortemente marcada por condições perversas de degradação ambiental e descaso com a vida humana. Constatou-se também a alta prevalência (40%) de Transtornos Mentais Comuns e sua associação com o baixo nível de escolaridade dos trabalhadores-migrantes, a positividade do teste CAGE indicando casos suspeitos de bebedores-problemas, o adoecimento relacionado ao trabalho e o absenteísmo. Por outro lado, o sofrimento psíquico ficou evidente no relato dos trabalhadores que denunciam novos padrões de riscos, divisão do espaço de trabalho com moderníssimos maquinários e rigorosos mecanismos de controle, como as punições, advertências e demissões que amedrontam e ameaçam o futuro destes trabalhadores. Por fim, acredita-se que o desafio essencial passa pela construção de políticas públicas inovadoras para o meio rural nordestino; políticas que dêem acesso ao trabalho, renda, educação e outros serviços básicos, inclusive, já garantidos na legislação brasileira.