Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
ALVES, Mariana de Souza |
Orientador(a): |
LIMA, Marcos Galindo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Ciencia da Informacao
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/53340
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Resumo: |
Este estudo objetiva compreender o que singulariza o conceito de letramento informacional no campo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação (BCI) brasileira, por meio de três eixos, quais sejam, a relação desse termo com 1) a Information Literacy, 2) os estudos sobre letramento e 3) os conceitos de competência em informação e competência informacional. A ancoragem teórica desta pesquisa constrói-se com base em uma discussão sobre os seguintes temas: o campo científico (Bourdieu, 1976; 1998; 2004a; 2004b); o conceito de termo, de conceito e de apropriação; o caráter ideológico e discursivo dos conceitos e a migração conceitual entre disciplinas científicas. Como fundamento conceitual, este trabalho 1) apresenta o debate internacional em torno das abordagens sobre literacy e caracteriza o conceito de letramento como prática social, por meio da corrente denominada New Literacy Studies (NLS); 2) esboça um recorte sobre o letramento no Brasil a partir do olhar de pesquisadoras brasileiras no âmbito da Educação e da Linguística Aplicada, rastreando as primeiras aparições do termo, bem como as questões terminológicas referentes à sua tradução, etimologia, dicionarização e às suas perspectivas conceituais; 3) expõe o debate em torno da expansão do termo letramento. Utiliza a pesquisa documental, o método da análise de conteúdo e a técnica da análise categorial (Bardin, 2008) para a análise e interpretação dos dados. Os resultados confirmam o pressuposto da tese de que as diferenças entre as traduções e entre os conceitos demonstram uma tensão no campo e que as escolhas terminológicas não são neutras, mas permeadas pelas relações construídas com os fundamentos teóricos de outras áreas do conhecimento e pelas posições político-ideológicas de suas pesquisadoras-fundantes, que elaboram um arcabouço epistêmico específico para cada termo. Sobre o primeiro eixo, verifica que o conceito nuclear da Information Literacy proposto pela American Library Association (ALA) continua sendo a referência principal dos estudos sobre letramento informacional. Bernadete Campello é a autora pioneira na tradução de information literacy para letramento informacional e na nacionalização do termo. Já Kelley Gasque destaca-se pela consolidação da expressão por meio da sistematização de um arranjo conceitual específico, no qual relacionou os termos alfabetização informacional, letramento informacional, competências e habilidade informacional. Em relação ao segundo eixo, constata que Magda Soares é a autora mais citada pelo corpus para fundamentar os conceitos de letramento e alfabetização. As três áreas do conhecimento que mais exerceram influência na conceituação do termo letramento por parte da BCI foram Linguística Aplicada, Educação e Letras. Os movimentos dos NLS e do New London Group (NLG) e suas fontes primárias, vêm sendo mencionados com uma certa frequência nos últimos anos, contudo, essa manifestação ainda é tímida. A característica comum dos trabalhos do corpus que mobilizaram uma discussão em torno dos conceitos de alfabetização, letramento e multiletramentos é o fato de eles terem como objeto de estudo teórico e empírico elementos que fazem parte da instituição escola e da biblioteca escolar. Assim, este estudo verifica que o conceito de letramento informacional é mobilizado pelo corpus por conta da sua pertinência terminológico-conceitual e empírica para estudar esses espaços. No que tange ao terceiro eixo, averigua que todos os elementos apontados pelo corpus como específicos ou exclusivos ao letramento informacional (sobretudo a dimensão educacional e a biblioteca escolar) também foram encontrados nos conceitos dos outros dois termos (competência em informação e competência informacional), uma vez que a matriz conceitual dos três é a mesma. Esta pesquisa conclui que 1) a forma pela qual o termo letramento foi apropriado pela BCI brasileira revela a dialética entre autonomia e heteronomia do campo científico, evidenciando o processo de ressignificação e de interdisciplinaridade que é inerente ao processo de apropriação; 2) as traduções de information literacy no Brasil são aplicadas em todos os domínios que têm como objetivo de investigação a educação por meio da informação, porém, por uma questão de escolha (justificada por uma tradição intelectual e histórica advinda de Bernadete Campello), para os estudos sobre biblioteca escolar, há uma preferência pela expressão letramento informacional, considerando os significados que os letramentos possuem na conjuntura escolar; 3) além disso, essa escolha é justificada pelo posicionamento consolidado de Kelley Gasque, que, desde suas primeiras publicações até o momento atual, utiliza o termo letramento informacional, justificando sua localização epistêmica, a partir de uma associação terminológico-conceitual própria. |