Parto traumático e transtorno de estresse póstraumático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: ZAMBALDI, Carla Fonseca
Orientador(a): SOUGEY, Everton Botelho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8326
Resumo: Um evento traumático é definido pela 4ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-IV) como uma situação na qual: a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou ameaçados, ou uma ameaça à integridade física, própria ou de outros e cuja resposta da pessoa envolveu intenso medo, impotência ou horror. Esta definição é mais abrangente do que a do DSM-III e valoriza mais a percepção e resposta do indivíduo ao evento do que a natureza do acontecimento em si permitiu. Por isso, a partir do DSM-IV, o parto pode ser considerado como um evento traumático. Estudos de diversas partes do mundo tem mostrado que 1% a 6% das mulheres com parto traumático podem, consequentemente, desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Como ainda não havia estudos indexados na área com mulheres brasileiras, este presente estudo teve como objetivo de estudar a frequência e as características do parto traumático em uma amostra de mulheres em Recife/PE. Foram avaliadas 328 mulheres usuárias de duas maternidades do SUS de Recife, com até 72 horas de pós-parto, de julho a novembro de 2010. As mulheres nas quais foi identificado um parto traumático foram avaliadas posteriormente com seis semanas de pósparto para verificar a ocorrência de TEPT e/ou depressão. A média de idade nesta amostra foi de 25 anos, a média da escolaridade 8,8 anos de estudo, 78,6% tinham um companheiro (casadas ou moravam junto), 51,5% primíparas e 22,1% eram oriundas de pré-natal de alto risco. Observamos que o parto traumático ocorreu em 53 mulheres (16,2% da amostra), onde foi identificado que elas tiveram medo intenso de morrer ou de seu bebê morrer, perceberam o parto como uma agressão física ou uma experiência humilhante, tiveram alguma notícia terrível como complicação obstétrica ou com o bebê e reagiram com medo intenso, impotência ou horror. Anos de estudo, o escore de dor durante o parto, experiência dissociativa no periparto, gestação de alto risco, complicações na gestação, ser primípara, uso de fórceps, episiotomia, complicações obstétricas durante o parto, complicações com o recémnascido, insatisfação com o atendimento da equipe de saúde e traumas prévios foram fatores associados à ocorrência do parto traumático. Foi feito uma avaliação prospectiva de 25 mulheres que tiveram parto traumático. Foi identificado que 12 mulheres (48%) tiveram sintomas do TEPT e duas (8%) completaram critérios para TEPT. As duas mulheres com diagnóstico de TEPT apresentavam concomitantemente depressão. É importante que profissionais de saúde estejam atentos para o fato que TEPT pode ocorrer em consequência de um parto traumático. Os aspectos emocionais da mulher durante e logo após o parto devem recebem atenção tanto quanto os aspectos físicos