Sinais florais e biologia reprodutiva da bromélia Cryptanthus bahianus : néctar ou perfume como recurso?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: DIAS, Vitória da Fonseca
Orientador(a): MACHADO, Isabel Cristina Sobreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Vegetal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55795
Resumo: Cryptanthus é um gênero nativo do Brasil que apresenta suas flores polinizadas principalmente por abelhas e beija-flores. Contudo, as informações sobre biologia floral e polinização no gênero ainda são escassas, de modo que estudos sobre a história natural desse grupo são importantes para melhor entender a filogenia recentemente proposta. Existem apenas três espécies de Cryptanthus indicadas na literatura como flores de perfume. Este trabalho, portanto, teve como objetivo investigar se outro representante do gênero oferta perfume como recurso floral, além de agregar mais dados de biologia floral e interações com os polinizadores ao conjunto de dados já existente. Cryptanthus bahianus, espécie escolhida para o estudo, ocorre no município de Sairé, Pernambuco. Foi monitorada a antese e o período de receptividade estigmática. Para a morfometria floral e medições do volume e concentração do néctar, foram utilizadas flores estaminadas e hermafroditas de diferentes indivíduos. Os protocolos de sinalização floral englobaram a análise de reflectância das principais partes florais, bem como dos compostos voláteis florais. A observação dos visitantes florais e a frequência de visitas foram feitas diretamente no campo durante todo o período de antese da flor. Foram feitos diferentes testes para analisar o sistema reprodutivo da espécie. Constatou-se que C. bahianus é andromonóica, com sua inflorescência emergindo na área central da planta, seguindo o padrão já descrito para o gênero. Assim como em outros representantes de Cryptanthus, as flores de C. bahianus apresentam antese diurna, com abertura floral iniciando às 05h00, com o estigma já receptivo, permanecendo desse modo até as 17:00h. As flores são trímeras, actinomorfas com corola alva e infundibuliforme. A partir da análise morfométrica dos dois tipos florais, foi possível evidenciar que as flores hermafroditas são significativamente maiores que as estaminadas. O néctar, único recurso ofertado pela flor, é produzido no início da antese, por flores estaminadas e hermafroditas, sendo acessado facilmente pelos polinizadores. Durante o período de observação, foi possível verificar um amplo espectro de insetos como visitantes florais, sendo a espécie considerada generalista, similar a outras do gênero. Comparando diversos atributos florais como período de antese, morfologia, coloração, volume e concentração de néctar de C. bahianus com dados de outras espécies de Cryptanthus, foi possível observar muitas similaridades, demonstrando que os atributos florais do gênero são em muitos aspectos conservados. Entretanto, com relação à caracterização química do perfume floral, apenas álcool benzílico, (Z) e (E)-3-Metil-4-ácido decenóico foram os compostos majoritários. Destaca-se que, apesar de machos de abelhas euglossines visitarem as flores de C. bahianus, não foi observado comportamento estereotipado de raspagem das pétalas por parte dessas abelhas, o que seria um indicativo de possível coleta de perfume. A provável razão da ausência desse comportamento é a inexistência de compostos responsáveis pela mediação da polinização especializada na coleta de perfume floral, como o semivolátil copalol, que foi descoberto recentemente em flores de outra espécie de Cryptanthus. Logo, foi descartada a hipótese de que a espécie estudada seria outra flor de perfume no gênero. Discutimos no trabalho uma possível evolução da síndrome de flores de perfume em Cryptanthus, a partir de espécies filogeneticamente mais basais e generalistas como C. bahianus.