Educar para o pensar nas rodas de leitura : as interações dialógicas entre crianças e professoras da educação infantil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: NASCIMENTO, Bárbhara Elyzabeth Souza
Orientador(a): BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi Alves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/42894
Resumo: Neste estudo, analisamos o trabalho de mediação docente nas rodas de leitura, explorando especificamente o exercício do pensar durante a conversa com crianças no segundo ciclo da Educação Infantil. De natureza qualitativo-colaborativa, os dados da pesquisa foram produzidos ao longo de uma trajetória reflexiva de dois anos. Assim, inicialmente, realizamos um curso de extensão itinerante, em seis instituições públicas de Educação Infantil, com o intuito de testar a força das perguntas da pesquisa, ajustar os objetivos específicos e conhecer e convidar professoras interessadas em colaborar com o estudo. Na sequência, videogravamos 23 sessões de rodas de leitura, conduzidas por três professoras-colaboradoras e seus grupos de crianças entre 4 e 6 anos. Durante esse período, foram oportunizadas às docentes experiências formativas, tais como: o conhecimento e exploração de diferentes livros tanto de literatura infantil quanto de programas de filosofia para crianças; textos sobre temas relativos à formação de leitores e mediação de leitura; observação dos vídeos com as rodas de leitura e conversa conduzidas ao longo da pesquisa; e trocas de ideias com a pesquisadora sobre as rodas conduzidas. Por fim, avaliamos a trajetória percorrida, compartilhando com as docentes-colaboradoras a análise parcial dos dados. Constatamos que as obras selecionadas pelas docentes para ler e conversar apresentavam boa qualidade gráfico-editorial e potencial para a formação de leitores críticos e criativos. A análise dos vídeos e transcrições das rodas revelou um certo padrão nas interações das professoras com as crianças durante as rodas. Tais “interações regulares” incluíram a preocupação com a construção de sentidos durante a leitura dos textos, a tentativa de seguir as ideias dos pequenos e de construir combinados, a democratização da fala das crianças e o comprometimento com a formação do leitor ético. Constatamos ainda, pouco tempo concedido para a escuta dos pequenos, bem como a adoção de perguntas fechadas durante a conversa, oferecendo-se às crianças duas alternativas de respostas. Em situações pontuais, observamos que as professoras incorporavam às suas interações nas rodas elementos mais refinados do ponto de vista dialógico. Assim, também identificamos certas “interações irregulares”, a saber: o encorajamento à formulação de perguntas por parte das crianças, a apresentação de exemplos que valorizavam as experiências de vida, e questionamentos que ajudavam os pequenos a reestruturarem suas ideias, tentando dizer melhor o já dito, além de esforços no sentido de conceder mais tempo de reflexão ao grupo. A participação das crianças nas rodas de leitura evidenciou a sua familiaridade com a prática de ouvir histórias lidas por suas professoras, assumindo o papel de ouvintes-ativos. Contudo, a conversa na “roda para pensar”, foi uma novidade incorporada, aos poucos, pelas crianças. Assim, gradualmente, o “diálogo numa perspectiva subjetiva” foi instigando as crianças a acionar suas experiências de vida para produzir conceitos, formular perguntas, revelar inquietações, expressar opiniões sobre os textos/temas dos livros, e dar exemplos para ilustrar pontos de vista. O diálogo aberto também acolheu os “silêncios” das crianças, em seus múltiplos sentidos. Concluímos que o exercício do pensar nas rodas protege o pensamento infantil, fortalecendo a criatividade, a criticidade e, sobretudo, a liberdade de expressão, com respeito às singularidades das crianças. O estudo revela, portanto, que a voz ativa dos pequenos na roda reivindica uma escuta adulta sensível, verdadeira e qualificada para acolher, e cultivar a curiosidade e expressão do pensamento dos pequenos, mantendo a vitalidade do diálogo no grupo. Assim, evidencia-se a complexidade do desafio das professoras na construção de cenários significativos, tais como as rodas de leitura e conversa, que valorizem o pensamento crítico e criativo das crianças.