Influência dos determinantes sociais e do aleitamento materno na cárie em crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: VALENÇA, Paula Andréa de Melo
Orientador(a): LIMA, Marilia de Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9213
Resumo: A cárie é uma doença crônica cuja prevalência e gravidade, em crianças, ainda são bastante elevadas. Para compreender as causas de sua ocorrência é fundamental considerar seus determinantes sociais, comportamentais e biológicos. A condição socioeconômica tem sido relacionada à saúde bucal, demonstrando-se que, no contexto familiar, variáveis como baixa renda, menor nível de educação, inadequação da dieta desde o nascimento, e limitação do acesso a informações podem ocasionar maior suscetibilidade à doença. Estabelecer os agentes causais relacionados à cárie em crianças é um desafio, devido ao seu caráter multifatorial. Neste sentido, foram abordados dois temas relacionados ao desfecho: a influência do aleitamento materno e da mobilidade social. A amostra foi constituída por crianças que fizeram parte de um estudo de intervenção comunitária, realizado em 2001, em quatro cidades da Zona da Mata Meridional do estado de Pernambuco, com o intuito de ampliar a duração do aleitamento materno exclusivo. O recrutamento inicial consistiu de 350 crianças, que foram acompanhadas regularmente do nascimento ao primeiro ano de vida, com a coleta prospectiva de dados sobre o perfil alimentar. Seis anos após, realizou-se uma busca ativa, identificandose 293 crianças, com o objetivo de avaliar sua saúde bucal. Portanto, o objetivo do primeiro estudo foi avaliar a influência do aleitamento materno na cárie dentária, em crianças de baixa condição socioeconômica. O índice ceo-d médio foi 4,10 e, em 57%, observou-se este índice ≥4. Não foi encontrada associação entre o aleitamento materno exclusivo/predominante, nos seis primeiros meses de vida, com a gravidade da cárie aos seis anos. A análise de regressão logística mostrou que houve uma chance significantemente maior da ocorrência de cárie mais grave entre as crianças pertencentes a famílias com pior condição socioeconômica, cujas mães possuíam elevado índice CPO-D, não haviam recebido do dentista orientação para a higiene bucal, tinham piores hábitos de higiene bucal e consumiam açúcar com maior frequência. O segundo estudo avaliou o impacto da mobilidade social sobre a cárie, em crianças, em relação à assistência odontológica e aos hábitos de higiene oral e dietéticos. A mobilidade social foi verificada através da avaliação da trajetória socioeconômica familiar e educacional materna, ao nascer e após seis anos. Todos os indicadores apresentaram associação significante com um elevado índice ceo-d, quando as famílias viveram em algum momento do estudo em situação de pobreza. Mães com melhor escolaridade levaram os filhos mais frequentemente à consulta odontológica de rotina e fizeram uso do fio dental. Conclui-se que, para diminuir o índice ceo-d, é necessário uma assistência materna desde o nascimento da criança. As estratégias em saúde bucal devem contemplar abordagens de promoção de saúde em relação aos fatores de risco no núcleo familiar, incluindo: melhoria dos indicadores socioeconômicos, promoção do aleitamento materno e hábitos saudáveis de alimentação e de higiene bucal, acesso à informação e educação