Relações intergrupais e representações identitárias recíprocas entre universitários africanos e brasileiros
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/40866 |
Resumo: | A inserção da imigração africana a estudo tem sido dificultosa por conta do racismo antinegro fortemente enraizado na sociedade brasileira, fruto da herança escravocrata e das imagens estereotipadas e preconceituosas sobre a África. Objetivamos estudar relação intergrupal entre universitários africanos e brasileiros, apreendendo as representações identitárias recíprocas entre os dois grupos. Participaram no estudo 336 universitários, sendo 238 brasileiros (UFPE-N=121, UNILAB-N=117) e 98 estudantes africanos (UNILAB). Os estudantes da UFPE foram submetidos as três condições experimentais, a saber: aplicador afro-negro (N=35), aplicador brasileiro branco (N=48) e aplicadora brasileira negra (N=38). Trata-se da técnica de descontextualização normativa, com intuito de testar a hipótese da zona muda das representações sociais. Os interlocutores da UNILAB foram submetidos apenas a condição de aplicação dos pesquisadores negros. Utilizamos a técnica de substituição tanto na UFPE assim como na UNILAB, visando acessar a zona muda das representações sociais, através da pergunta redutora da pressão normativa. Analisamos a hipótese de contato proposto por Allport por meio da análise da variável grau de convivência nas quatro condições autoavaliadas: muita, regular, pouca, nenhuma. Os conteúdos representacionais positivos sobre os africanos foram sobrerepresentados em face a aplicação do pesquisador afro-negro e pesquisadora afro-brasileira e entre os interlocutores que afirmam conviver muito com africanos. Por sua vez os conteúdos representacionais negativos e de cunho preconceituoso foram sobrrepresentados em face ao aplicador branco e entre os estudantes que afirmam não conviver ou convivem pouco com os discentes africanos. Verificamos o desmascaramento da zona muda em face ao pesquisador branco e os interlocutores com menor ou nenhuma convivência com membros do exogrupo. E o mascaramento da zona muda em face aos pesquisadores negros e os interlocutores com maior grau de convivência com o exogrupo. Estes achados revelam um diálogo possível entre a zona muda proposta por Abric e a hipótese do contato proposta por Allport. Os dados apontam ainda a perspectiva afrofuturista de africanos e um olhar afropessimismo de brasileiros na representação da africanidade e África. Acrescenta-se a isso a hipersexualização dos africanos pelos brasileiros. Na representação identitária dos africanos sobre os brasileiros prevaleceu a imagem de um povo hostil e promíscuo, hipersexualizando as mulheres brasileiras. Os brasileiros por sua vez se autorrepresentam como um povo hospitaleiro e carismático, mas também racista, preconceituoso, homofobico e machista, apresentando a face desarmônica da brasilidade. |