Tomada de decisão em pacientes deprimidos: estudo eletrofisiológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Laurentino, Silvia Gomes
Orientador(a): Sougey, Everton Botelho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Neuropsiquiatria e Ciencia do Comportamento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16468
Resumo: Dentre várias questões comportamentais envolvidas nos transtornos depressivos, os conflitos decisórios se destacam por afetar diretamente a vida social e profissional. Estudos de neuroimagem demonstram que os circuitos neurais envolvidos nos processos decisórios e na emoção social, são os mesmos que se apresentam disfuncionais na depressão. Nosso objetivo foi verificar o processo de tomada de decisão em situação de risco/recompensa e de conflito moral em indivíduos deprimidos através de métodos neuropsicofisiológicos. Métodos: Foram avaliados 40 pacientes, sendo 20 com depressão e 20 sem depressão. Aplicou-se questionários para diagnóstico e gravidade da depressão (SCID-IV e Hamilton) em todos os voluntários. Os indivíduos foram, posteriormente, submetidos as tarefas envolvendo risco-recompensa, o Iowa Gambling Task (IGT), e uma tarefa de conflito moral (dilemas do Trolley e Footbridge). Durante as tarefas foi registrado o EEG com 21 canais, para o estudo do Índice de Assimetria do Alfa Frontal, e do sLORETA para identificação das áreas corticais. Além disso, realizou-se o registro do Skin Conductance Response (SCR) para o estudo do despertar emocional. Resultados: No estudo da tomada de decisão de risco-recompensa (IGT), o grupo deprimido apresentou um Netscore total menor (p<0,003) quando comparado com não deprimidos. Na avaliação do Netscore por blocos (5 blocos de 20 jogadas), os não deprimidos tiveram um escore mais alto nos dois últimos blocos caracterizando uma curva de aprendizado normal. O efeito antecipatório do IGT medido através do SCR revelou uma resposta de aprendizado emocional apenas para os não deprimidos (p <0.0,05). No EEG em repouso se observou através do Índice de Assimetria do Alfa Frontal (IAAF) uma maior ativação hemisférica frontal direita no grupo de deprimidos (p<0,05) quando comparado aos não deprimidos. O estudo de correlação entre o IAAF e a gravidade do quadro depressivo, usando a Escala de Hamilton, revelou uma correlação negativa (p <0,001; -,675). O estudo do sLORETA revelou, no grupo de deprimidos, maior ativação cortical no giro frontal inferior (BA10) e médio (BA 11) à direita na frequência Beta 3, e no cíngulo posterior (BA31) na frequência Alfa 2. Durante a análise do conflito moral, observou-se ativação no córtex cingulado posterior (BA 31) na frequência Alfa 1, ínsula (BA 13) bilateralmente na frequência Alfa 1, córtex cingulado anterior (BA 32) na frequência Beta 3, e giro temporal superior (BA42) na frequência Theta. Conclusões: Os indivíduos com depressão maior apresentam comprometimento na modulação do circuito cognitivo e sócio-emocional. Indivíduos com depressão maior podem apresentar um comprometimento na fluidez cognitiva para avaliar estratégias e planejamentos executivos que envolve riscorecompensa ou conflito moral pessoal. Associar o IAAF e o sLORETA contribuiu para confirmar que não apenas ás áreas corticais, mas também as oscilações das frequências cerebrais e a lateralização hemisférica participam da regulação do comportamento de tomada de decisão em pacientes com depressão maior.