Mediações de professores surdos universitários de libras no ensino remoto e no retorno ao ensino presencial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: PESSOA, Glaucia da Silva
Orientador(a): LAURENDON, Candy Estelle Marques
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55622
Resumo: Pessoas surdas são indivíduos com pouca ou nenhuma influência auditiva que experienciam o mundo através dos demais sentidos e possuem cultura e língua próprias por utilizarem, principalmente, da modalidade visual na comunicação. Surgida pela experiência surda em comunidade, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é visuoespacial, com estrutura e gramática próprias. Com a Lei 10.436/02, esta foi reconhecida nacionalmente como meio de comunicação e de garantia da acessibilidade linguística. Este marco oportunizou maior acesso aos espaços de ensino e trabalho às pessoas surdas, principalmente, como referências para a docência de Libras. O contexto pandêmico provocou rupturas nas práticas cotidianas e profissionais docentes, exigindo a inclusão digital para se adequar ao ensino remoto emergencial. Com a flexibilização no isolamento social, o retorno à modalidade presencial provocou uma nova transformação das práticas docentes, o que favoreceu situações potenciais de desenvolvimento, ao integrar algumas estratégias pedagógicas criadas e mediadas por recursos tecnológicos. Vygotsky considerou que o processo de ensino-aprendizagem acontece em um espaço intersubjetivo e interacional, chamado de zona de desenvolvimento proximal, graças à mediação de instrumentos e signos internalizados. O objetivo da presente pesquisa é investigar as mediações, ou seja, o desenvolvimento de instrumentos e linguagens por professores surdos universitários no contexto remoto e as adaptações ou modificações para o retorno ao presencial para promover um processo de ensino-aprendizagem eficiente de Libras. Para este fim, realizamos uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório com três docentes surdos que ofertam disciplinas de Libras na UFPE. A metodologia incluiu a realização de entrevistas semiestruturadas e do método de autoconfrontação simples. Este último correspondeu a observação de uma aula presencial videogravada, seguida da análise desta para selecionar algumas sequências de vídeo e confrontar o participante com a sua própria atividade em uma última entrevista semiestruturada. A análise de dados partiu da construção de Núcleos de Significação, um método que contribui para a compreensão de significações constituídas pelos participantes frente à realidade estudada. Como resultados, o desenvolvimento e a transformação de alguns instrumentos foram documentados quanto as suas funções e objetivos e as formas de linguagens utilizadas por docentes de Libras no ensino remoto e no ensino presencial anterior e pós- pandêmico foram descritas. No que tange aos atores de ZDPs que possam contribuir ao processo de compensação social, identificou-se a interação com intérpretes de Libras como importante, mas nem sempre acessível. Pois a sua atuação foi questionada por serem frequentemente intérpretes bolsistas, ainda em formação. Quanto a interação com pares ouvintes, esta ainda é bastante atrelada ao uso do português escrito e a mediação por intérpretes, limitando situações interativas que potencializem a emergência de possíveis ZDP, como os colegas de departamento. O estudo de caso permitiu ilustrar a importância do contexto histórico-social do sujeito para o desenvolvimento de suas ações e significações atribuídas, como os docentes surdos em suas práticas pedagógicas na transição do período presencial ao ensino remoto e de retorno ao ensino presencial.