Práticas pedagógicas de valorização da identidade, da memória e da cultura negras: a volta inversa na árvore do esquecimento e nas práticas de branqueamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: SILVA, Claudilene Maria da
Orientador(a): SANTIAGO, Maria Eliete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17577
Resumo: A institucionalização da educação para as relações étnico-raciais e o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana constituem política educacional de ação afirmativa voltada para a população negra, que com avanços e limites possibilita uma inflexão na educação brasileira. A implementação da política aponta que a construção e o enraizamento de práticas pedagógicas voltadas para esta temática são um processo longo, que apresenta limites e lida com contradições. A pesquisa objetivou analisar as práticas pedagógicas escolares de valorização da identidade, da memória e da cultura negras vivenciadas institucionalmente em duas escolas públicas brasileiras. Assumimos os Estudos Pós-Coloniais Latino Americanos como abordagem teórico-metodológica em diálogo com a Afrocentricidade como posição epistemológica, compreendendo-os como possibilidades de produção de um conhecimento de ruptura com a hegemonia do pensamento eurocêntrico. Adotamos a etnografia como possibilidade metodológica adequada para o trato do tema por sua capacidade de amplificar as vozes dos sujeitos silenciados. Abordamos a categoria práticas pedagógicas a partir da conceituação que Souza (2009) lhe atribui, como uma ação social coletiva, realizada institucionalmente, com intencionalidades explícitas e assumidas pelo conjunto da comunidade escolar. Apoiamo-nos no pensamento negro em educação e no pensamento do educador Paulo Freire, como pilares orientadores do olhar pedagógico. O trabalho de campo foi realizado em duas escolas públicas municipais, nas cidades de Campinas – São Paulo e Salvador – Bahia indicadas como instituições que possuem práticas pedagógicas de enraizamento intenso no trabalho com a temática. Na organização e análise dos dados, adotamos a Análise de Conteúdo (AC), na perspectiva de Laurence Bardin (2011). Analisamos o ciclo de construção e vivência das práticas pedagógicas de valorização da identidade, da memória e da cultura negras, a partir das categorias: itinerário pedagógico, tempo curricular e ritual pedagógico. Ressaltamos o fundamento das práticas pedagógicas com ênfase nos processos formativos, inspirados nas experiências formativas do movimento negro e no pensamento negro em educação; e destacamos o papel da formação temática em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e o lugar do planejamento no ciclo de construção das práticas pedagógicas. Os achados apontam a existência de experiências educativas ocorrendo nas escolas que apresentam práticas enraizadas no trato da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana que podem ser tomadas como referências inspiradoras no processo de consolidação da política nacional de educação das relações étnico-raciais. Nessas escolas, cada uma à sua maneira e enfrentando os desafios de seus contextos, a prática pedagógica resulta da reflexão crítica do coletivo, possui uma finalidade construída, explicada e argumentada pelas pessoas que protagonizam o trabalho pedagógico na escola. O trabalho coletivo, a gestão compartilhada das práticas, a formação temática permanente e a confiança da comunidade são evidenciados como mecanismos de enraizamento revelando que as práticas pedagógicas de valorização da identidade, da memória e da cultura negras referenciam-se em princípios da cosmovisão africana recriada no Brasil em diálogo com o pensamento de Paulo Freire e geram uma forma outra de pensar e fazer educação, que pode ser compreendida como uma pedagogia de combate ao racismo.