As ambivalências do gosto: repensando os limites da teoria bourdieusiana do habitus à luz da dimensão estética

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: MALVEZZI, Amarildo Muniz
Orientador(a): HAMLIN, Cynthia de Carvalho Lins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/30605
Resumo: Este trabalho dedica-se a investigar, teoricamente, a existência de resíduos de liberdade na sociologia de Pierre Bourdieu, partindo da acusação dos críticos segundo a qual sua teoria do habitus é determinista e reprodutivista. Para alcançar esse propósito, implementar-se-á uma investigação da dimensão estética, utilizando a categoria estética do gosto como chave analítica privilegiada, dada sua afinidade lógica e teórica com o conceito de habitus. Isso será possível através de um diálogo entre o discurso filosófico sobre o gosto e a teoria bourdieusiana. Consequentemente, será investigada a possível existência de práticas com margens de liberdade e capazes de impelir à reflexividade, no interior da experiência estética, campo de legislação do gosto. Todavia, será realizada, igualmente, uma crítica do ponto de vista bourdieusiano em relação à experiência estética. Defender-se-á o argumento de que, embora reconheça a liberdade e proporcione fundamentos teóricos para uma possível reflexividade estética, Bourdieu impôs limites a si próprio. Será exposto, então, como o pensador francês falhou em objetivar o papel desempenhado pela teoria kantiana em sua própria obra. Argumentar-se-á que Bourdieu padece daquilo que a crítica filosófica definiu como redução da experiência da arte à experiência estética. Será proposto, desse modo, que as limitações de Bourdieu quanto à liberdade estética e à existência de uma reflexividade via arte, provem de um Bourdieu leitor de Kant, cuja existência passou desapercebida à objetivação sociológica, permanecendo um determinante teórico inconscientemente reproduzido. Desta forma, expor-se-á como Bourdieu, embora apontasse para uma possibilidade vigorosa de pensar práticas com margens de liberdade e passíveis de gerar reflexividade, acabou bloqueando o potencial implícito a sua visão. A teoria bourdieusiana do gosto será, em suma, construída à luz de suas ambivalências, contradições e tensões, através das quais proporemos novas leitura possíveis do habitus.