Estratégias articuladas por mulheres bolivianas em São Paulo para a realização do trabalho doméstico em suas casas e famílias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: VIEIRA, Eloah Maria Martins
Orientador(a): SCOTT, Russell Parry
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39415
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar as estratégias articuladas por mulheres bolivianas imigrantes na cidade de São Paulo para a realização do trabalho doméstico em suas casas e famílias. Para refletir sobre estas estratégias, debateremos quais pessoas e instituições participam e eventuais especificidades nestas estratégias relacionadas ao fato de as interlocutoras serem bolivianas e imigrantes. Todas estas questões estão pautadas na discussão de gênero feita por Joan Scott e Sherry Ortner, assim como no debate sobre trabalho doméstico e divisão sexual do trabalho travado por autoras como Betânia Ávila, Gláucia Assis, Helena Hirata e Danièle Kergoat. Além destas teóricas, Amaia Pérez Orozco e Nina Glick Schiller foram fundamentais para pensarmos como que as interlocutoras, enquanto transmigrantes, constroem relações entre a Bolívia e o Brasil. Para responder o objetivo da pesquisa, realizamos trabalho de campo por cerca de cinco meses na cidade de São Paulo, onde fizemos tanto entrevistas semiestruturadas como vivenciamos a observação participante. As experiências em campo envolveram a convivência com 10 mulheres. Elas são as interlocutoras desta pesquisa. Todas elas são mulheres adultas, muitas delas com filhos, algumas casadas e várias trabalhando no ramo da costura que emprega grande maioria da comunidade boliviana na cidade de São Paulo. Movidos pela discussão sobre possíveis influências da imigração no trabalho doméstico, investigamos as implicâncias da imigração na organização do trabalho doméstico articulada por estas mulheres. Pudemos averiguar, que ainda que alguns estudos apontem para maior participação dos homens no trabalho doméstico a partir da imigração, a mesma conclusão não se faz presente nesta pesquisa. As interlocutoras, em sua grande maioria, são as responsáveis pelo trabalho doméstico. Para garantir a realização deste trabalho, elas articulam uma diversidade de estratégias, algumas delas com especificidades relacionadas ao fato de as interlocutoras serem imigrantes e bolivianas. Dentre as estratégias articuladas estão redes de mulheres, cadeias globais de cuidado, creches e dupla jornada de trabalho. Fora isso, pudemos observar que, ainda que a imigração não tenha implicado em uma maior participação dos homens no trabalho doméstico, as interlocutoras se empenham em articular a participação deles dado que elas discordam que o trabalho doméstico seja uma obrigação exclusivamente feminina. Sendo assim, também pudemos perceber a agência das mulheres, como comenta Sherry Ortner, apesar da dominância masculina. A partir da articulação de algumas interlocutoras, pudemos observar a participação pontual de alguns de seus maridos e pais de seus filhos. Além disso, algumas das interlocutoras também ensinam a seus filhos e netos homens as atividades de trabalho doméstico. Dessa forma, esta pesquisa foi uma oportunidade de analisar a relação das interlocutoras com diferentes atores a partir do trabalho doméstico.