Perfil de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com gota : associação com parâmetros clínicos e laboratoriais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: CAVALCANTI, Nara Gualberto
Orientador(a): MARQUES, Cláudia Diniz Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Ciencias da Saude
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/35345
Resumo: A gota é considerada atualmente uma doença autoinflamatória, caracterizada pela ativação da imunidade inata. Existem poucos dados que relacionem a presença de citocinas com as manifestações clínicas da doença. Com o objetivo de avaliar o perfil sérico de citocinas pró-inflamatórias na gota (IL-1α , IL-6, IL-8, IL-17A, IL-18 IL-22 e IL-23 ) e correlacionar com dados clínicos e laboratoriais em um grupo de pacientes com gota e em grupo de comparação, foram incluídos indivíduos do sexo masculino com diagnóstico de gota (GG) segundo os critérios do American College of Rheumatology (ACR), verificando-se idade, tempo de diagnóstico, fase clínica da gota, índice de massa corpórea (IMC), presença de comorbidades, presença de tofos ou deformidades e medicações utilizadas para o tratamento da gota, além de dados laboratoriais como velocidade de hemossedimentação (VHS), proteína C reativa (PCR) e uricemia. Os níveis de IL-1β, IL-6, IL-8, IL-17, IL-18, IL-22 e IL-23 foram mensurados por ELISA. Como grupo de comparação (GC) foram incluídos indivíduos do sexo masculino, sem história prévia de artrite, selecionados aleatoriamente entre os acompanhantes de pacientes do hospital. Foram incluídos 39 indivíduos no GG e 34 no GC. A média de idade no GG foi 58,2 (± 1,6) anos e no GC foi 54,3 (±1,8) anos. Dezessete indivíduos (43%) encontravam-se em crise no momento da avaliação. Trinta e cinco pacientes (89,74%) estavam em uso de alopurinol, trinta (76,92%) em uso de colchicina, e sete (17,9%) estavam em uso de prednisona no momento da avaliação. Não houve diferença na distribuição das citocinas de acordo com o uso de alopurinol, colchicina ou prednisona. Encontramos diferença nos níveis séricos de IL-18 entre GG e GC (p=0,0013) e correlação positiva da IL-18 com VHS (r= 0,43, p=0,0073), PCR (r= 0,47, p=0,0025) e com níveis séricos de IL-6 (r=0,36, p=0.023). Para as demais citocinas mensuradas não houve diferença entre pacientes e grupo de comparação. Não houve correlação das citocinas avaliadas com uricemia, idade, tempo de doença, uso de medicações, presença de comorbidades ou presença de artrite ativa. Foi encontrada associação entre a elevação dos níveis séricos de IL-6 e a presença de tofos (p=0.005) e deformidades (p=0.0008), além de correlação desta citocina com VHS (r=0,41, p=0.011) e com PCR (r=0,48, p=0,02). Encontramos ainda significativa correlação entre IL-1α e IL-17A (r=0.397, p=0.012). Em conclusão, encontramos correlação estatisticamente significante entre os níveis séricos da IL-6 e IL-18 e os níveis dos marcadores laboratoriais de atividade inflamatória. A IL-6 mostrou também associação com a presença de tofos e deformidades. Não foram observadas associações estatisticamente significativas entre os níveis séricos das outras citocinas pró-inflamatórias avaliadas e parâmetros clínicos ou laboratoriais em pacientes portadores de gota. À exceção da IL-18, não encontramos diferença estatística nos níveis séricos das citocinas mensuradas entre pacientes e grupo de comparação. Estes achados sugerem que a IL-18 possivelmente está envolvida na imunopatogenia da gota e pode ser um marcador de atividade de doença. A IL-6 pode ser considerada marcador de pior prognóstico na gota ou ainda ser determinante de pior evolução nesta patologia.