Macroalgas epífitas nos recifes da Praia de Boa Viagem, município de Recife, Pernambuco, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Pereira Soares, Luanda
Orientador(a): Toyota Fujii, Mutue
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8452
Resumo: As comunidades de algas marinhas são consideradas excelentes descritores dos ecossistemas, sendo amplamente utilizadas para caracterizar e monitorar os ecossistemas marinhos. Apesar da diversidade ficológica em Pernambuco e dos extensos estudos realizados na região, ainda são poucos os trabalhos dedicados exclusivamente às macroalgas epífitas, com pouco conhecimento sobre a estrutura destas populações. Este trabalho tem como objetivo geral caracterizar a comunidade de macroalgas epífitas da Praia de Boa Viagem, em Recife - PE, utilizando-as como indicadoras da qualidade ambiental. A Praia de Boa Viagem localiza-se no município de Recife (08º05 26 - 08º08 52 S e 34º52 55 - 34º54 23 W) e apresenta cerca de 6 km de extensão. Amostragens do tipo aleatória estratificada foram realizadas no período seco (dezembro/2009) e no período chuvoso (abril/2010) em duas estações de coleta: Estação A, ao norte, (08°07 15,83 S - 34°53 39,57 W) e Estação B, ao sul, (08°07 57,79 S - 34°53 57,88 W). Em cada estação, foram delimitados dois estratos baseados no grau de exposição às ondas, representatividade algal e homogeneidade do substrato: estrato 1 (protegido) e estrato 2 (exposto). Em cada estrato utilizou-se como unidade amostral um quadrado de 625 cm2, o qual era lançado aleatoriamente cinco vezes totalizando 20 amostras por coleta. Foram identificados 49 táxons de macroalgas epífitas, sendo 20 Chlorophyta, uma Heterokontophyta e 28 Rhodophyta. As ordens mais representativas foram Ceramiales e Cladophorales, com 18 e 10 táxons respectivamente. Dos 49 táxons encontrados, 35 pertencem ao tipo morfofuncional filamentoso (72%) e sete ao tipo morfofuncional foliáceo (14%). Os tipos morfofuncionais menos representativos foram as macrófitas corticadas e as calcárias articuladas com cinco e duas espécies, respectivamente. Dez espécies são referidas, descritas e ilustradas pela primeira vez para o Estado de Pernambuco: Boodlea composita (Harvey) F. Brand, Ceramium corniculatum Mont., Chaetomorpha clavata Kütz., C. nodosa Kütz., Chondracanthus saundersii C. W. Schneid. & C. E. Lane, Cladophora laetevirens (Dillwyn) Kütz., Ulva linza L., U. paradoxa C. Agardh, U. prolifera O. F. Müll. e Neosiphonia sphaerocarpa (Borgesen) M. -S. Kim & I. K. Lee. As macroalgas que abrigaram um maior número de epífitas foram Gelidium pusillum, C. saundersii e Palisada perforata. As epífitas mais freqüentes e abundantes foram Ulva rigida, Hypnea musciformis e Centroceras sp. No período chuvoso H. musciformis foi a mais freqüente enquanto U. rigida e Centroceras sp. foram as mais freqüentes no período seco. Os maiores valores de biomassa média ocorreram na estação B (ao sul) e no estrato 1 (protegido). Em relação à abundância, 70% dos táxons são considerados raros e muito raros. As macrófitas corticadas e calcárias articuladas foram mais abundantes na estação B (ao sul) e no estrato 2 (exposto). A distribuição das macroalgas epífitas está principalmente relacionada aos distúrbios causados pela sedimentação intensa (conseqüência dos problemas de erosão costeira) e pelas atividades turísticas freqüentes na região. A presença de gêneros (Ulva, Hypnea, Centroceras, Bryopsis, Chaetomorpha, Cladophora, Ceramium) e espécies bioindicadoras, além dos valores dos índices de diversidade de Shannon e Simpson, nos permite concluir que apesar da Praia de Boa Viagem está sendo submetida a distúrbios, a diversidade ainda é alta corroborando com o que diz a Hipótese dos Distúrbios Intermediários, na qual os distúrbios parecem ser uma fonte importante de heterogeneidade para a estrutura e dinâmica das comunidades naturais