Aspectos estruturais e microestruturais da zona de cisalhamento Caiçara, domínio Alto Moxotó da Província Borborema : implicações tectônicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: SANTOS, Tiago Augusto Soares dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Geociencias
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46596
Resumo: A Zona de Cisalhamento Caiçara (ZCCA) está localizada no Domínio Alto Moxotó, Subprovíncia Central da Província Borborema, que é caracterizada por um sistema de zonas de cisalhamento transcorrentes conjugadas com direções E-W e NE-SW. A ZCCA possui 30 km de comprimento e integra o grupo das zonas de cisalhamento transcorrentes subsidiárias, com trend NE. Este trabalho objetiva a caracterização estrutural da ZCCA através de análises cinemáticas, microestruturais e das tramas dos eixos-c de quartzo. As litologias afetadas pela ZCCA são ortognaisses quartzofeldspáticos, biotita xistos, sillimanita-biotita-muscovita xistos, quartzitos impuros, rochas calssilicáticas e granitos sin-transcorrentes. A zona milonítica consiste dominantemente de milonitos, representados por tectonitos LS e SL. A foliação milonítica apresenta pouca variação de atitude, com direção predominante NE-SW e mergulho que varia de médio a alto para NW. Fora da zona milonítica, a foliação regional de baixo ângulo apresenta critérios cinemáticos que indicam transporte tectônico com topo para WSW e SW e é afetada por dobras NW-SE com linha de charneira apresentando caimento fraco a moderado. Em escala de mapa, observa-se que a foliação regional é truncada pela foliação milonítica, e que apresenta uma rotação anti-horária ao aproximar-se da ZCCA, o que indica cinemática sinistral. A lineação de estiramento é definida por micas, quartzo, feldspato potássico e sillimanita, possuindo caimento de baixo ângulo, com sentido majoritariamente SW. Critérios cinemáticos mesoscópicos, como porfiroclastos assimétricos, vergência de dobras, trama SC e bandas de cisalhamento C’, são condizentes com cinemática sinistral. Em escala microscópica, além de critérios cinemáticos sinistrais, ocorrem, também, critérios que indicam cinemática destral. Dentro da zona milonítica observam-se dois principais grupos de dobras: o primeiro consiste em dobras NE-SW, apertadas, com plano axial paralelo à foliação milonítica e linha de charneira horizontalizada; o segundo é formado por dobras também NE-SW que variam de abertas a apertadas, com linha de charneira com caimento forte. As microestruturas indicam que a deformação intracristalina é representada majoritariamente pela formação de subgrãos e extinção xadrez em quartzo. A recristalização é incipiente, porém, nos cristais de quartzo, ocorre recristalização por migração de borda de grão (GBM) e por rotação de subgrão (SGR), e nos cristais de feldspato ocorre recristalização por bulging (BLG) e SGR. As tramas dos eixos-c de quartzo mostram padrões assimétricos em relação ao eixo X do elipsoide de deformação, indicando cinemática sinistral e destral. As feições microestruturais indicam que a deformação iniciou em temperaturas maiores que 600 °C, com temperaturas máximas da ordem 700 °C. A trama dos eixos-c de quartzo e a presença de critérios cinemáticos opostos indicam um importante componente de cisalhamento puro. A superposição da trama regional pela trama milonítica indica que a nucleação da ZCCA foi subsequente à tectônica de baixo ângulo. No entanto, a temperatura elevada registrada nos milonitos sugere uma pequena diferença temporal entre os dois eventos. A localização da deformação na ZCCA provavelmente foi favorecida pela descontinuidade reológica representada pelo contato entre rochas metassedimentares e os ortognaisses. A temperatura elevada da deformação possibilitou a fusão parcial das rochas metassedimentares e o alojamento de corpos graníticos sin-transcorrentes. Esses resultados apontam que o desenvolvimento da ZCCA se deu como produto de uma deformação progressiva, através de uma transição entre a tectônica contracional para a tectônica transpressional.